Análise do Compromisso Necessário para o Discipulado

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Nesta primeira aula do módulo, a respeito dos requisitos para ser um discípulo, vamos explorar o compromisso necessário para seguir a Jesus Cristo.

Como temos compreendido, já deu para perceber que o discipulado não é uma jornada fácil: requer dedicação, resiliência, perseverança, disciplina, submissão e obediência, para aprofundar-se, não somente no conhecimento a respeito do reino de Deus e suas diretrizes, mas também de quem é nosso Senhor, seu caráter e Sua vontade.

Vamos entender melhor.

O Chamado Radical de Jesus ao Discipulado

O convite de Jesus ao discipulado vai além de uma simples adesão a ensinamentos, pois trata-se de uma convocação a um compromisso radical – uma entrega total da vida.

Em Lucas 9:23, Jesus define os pilares do discipulado, e analisaremos aqui o versículo em três traduções:

NVI (Nova Versão Internacional):

Jesus dizia a todos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me.’

NAA (Nova Almeida Atualizada):

Jesus dizia a todos: — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.

NVT (Nova Versão Transformadora):

Disse ele à multidão: ‘Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me.’

As três traduções compartilham várias palavras e expressões que refletem uniformidade na interpretação do texto original grego.

  • “Negue a si mesmo” (ἀρνησάσθω ἑαυτόν – arnesasthō heauton): Todas as versões mantêm essa expressão com tradução idêntica, indicando a ideia de renunciar ou abdicar de si mesmo como um ato de submissão espiritual.
  • “Tome sua cruz” (ἀράτω τὸν σταυρὸν αὐτοῦ – aratō ton stauron autou): As traduções concordam com o uso da frase “tome sua cruz”, que simboliza assumir um compromisso de sacrifício e obediência.
  • “Siga-me” (ἀκολουθείτω μοι – akoloutheitō moi): Todas as versões traduzem essa frase de forma uniforme, destacando o convite de Jesus ao discipulado ativo e contínuo.

Algumas palavras e expressões apresentam diferenças entre as traduções, revelando nuances na escolha dos tradutores e na ênfase dada ao texto original grego.

  • “Acompanhar-me” (NVI) vs. “Vir após mim” (NAA) vs. “Ser meu seguidor” (NVT):
    • NVI: Usa “acompanhar-me” para traduzir a ideia de seguir Jesus, enfatizando proximidade e caminhada conjunta.
    • NAA: Opta por “vir após mim”, traduzindo literalmente o grego ἔρχεσθαι ὀπίσω μου (erchesthai opisō mou), destacando a ideia de seguir os passos de Jesus.
    • NVT: Prefere “ser meu seguidor”, um termo mais interpretativo que foca na identidade daquele que escolhe seguir a Cristo.
  • “Diariamente” (NVI e NVT) vs. “Dia a dia” (NAA):
    • NVI e NVT: Mantêm “diariamente” para traduzir τὸ καθ’ ἡμέραν (to kath’ hēmeran), enfatizando a constância no compromisso.
    • NAA: Usa “dia a dia”, que também traduz τὸ καθ’ ἡμέραν, mas pode sugerir um processo mais gradual e contínuo.
  • “Multidão” (NVT) vs. “A todos” (NVI e NAA):
    • NVI e NAA: Traduzem πρὸς πάντας (pros pantas) como “a todos”, destacando o público geral das palavras de Jesus.
    • NVT: Substitui por “multidão”, uma interpretação contextual que enfatiza um grupo maior de ouvintes.

Essas diferenças refletem as escolhas estilísticas e teológicas dos tradutores, enriquecendo a compreensão do texto e destacando nuances importantes para o estudo prático de Lucas 9:23 e o discipulado.

Negar-se a Si Mesmo: A Transformação do Centro da Vida

Negar-se a si mesmo é um dos conceitos mais profundos e desafiadores no discipulado cristão.

Não se trata apenas de abandonar comportamentos ou prazeres considerados inadequados, mas de uma transformação radical da própria identidade e prioridades.

O chamado é claro: o discípulo deve deslocar o eu do centro de sua vida e colocar Cristo em seu lugar.

Renúncia ao Ego e Ambições Pessoais

Negar-se a si mesmo significa abandonar o ego como força controladora.

Muitas vezes, nossas escolhas são movidas pelo desejo de reconhecimento, poder, conforto, controle ou status.

Esse chamado não implica necessariamente em abandonar os sonhos ou as responsabilidades, mas em redefinir os motivos e objetivos que impulsionam cada decisão, submetendo-os ao senhorio de Cristo. Jeremias 17:9 explica o motivo:

O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?

Renunciar ao ego é também reconhecer a fragilidade de nossas próprias vontades.

Assim, aprendemos a confiar no propósito de Deus, que é superior e mais pleno que qualquer ambição humana.

Subordinar Todas as Áreas ao Senhorio de Jesus

Lucas 9:24-25 nos desafia a abandonar o apego à vida terrena, reorientando nossas prioridades:

Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a salvará.

Subordinar-se ao senhorio de Cristo envolve todas as áreas:

  • Trabalho: Transformar a rotina profissional em um espaço de testemunho e serviço.
  • Família: Buscar os valores, virtudes, comportamento e liderança de Cristo como base para relacionamentos familiares.
  • Sonhos e Planejamentos: Abrir mão de planos pessoais quando eles não estão alinhados com o propósito de Deus.

Esse ato de entrega não é perda, mas ganho eterno, conforme Paulo declara em Filipenses 3:7-8:

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas.

A Ilusão do Apego à Vida Terrena

Jesus adverte sobre o perigo de buscar segurança e significado em conquistas terrenas.

Status, riqueza e poder podem oferecer uma falsa sensação de plenitude, mas são incapazes de atender às necessidades mais profundas da alma, conforme Ele apresenta em Lucas 9:25:

Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder ou destruir a própria vida?

Negar-se a si mesmo é abrir mão dessa ilusão e aceitar o valor eterno do Reino. É entender que a verdadeira vida está em Cristo e não no que o mundo oferece.

Negar-se a Si Mesmo como Caminho para a Vida Verdadeira

A negação de si mesmo não é um caminho de perdas, mas de ganhos eternos.

Jesus nos promete uma vida plena, mas ela só é acessível quando abandonamos a ilusão de controlar nosso destino.

Resumo Prático:

  • Negar-se é reconhecer que Cristo é o verdadeiro centro da vida.
  • Significa redirecionar nossos valores, prioridades e ações para glorificar a Deus.
  • É viver não para o “eu”, mas para aquele que nos chamou para algo muito maior do que o mundo pode oferecer.

Negar-se a si mesmo é o primeiro passo para experimentar a verdadeira liberdade e a plenitude que só Jesus pode dar.

Tomar a Sua Cruz Diariamente: Um Chamado à Transformação e ao Serviço

A expressão tomar a sua cruz, usada por Jesus em Lucas 9:23, tem um significado profundo e transformador.

Longe de ser apenas uma metáfora para enfrentar dificuldades ou suportar adversidades, ela aponta para uma vida de total identificação com Cristo, moldada pelos valores do Reino de Deus em um mundo frequentemente hostil a eles.

A Cruz como Símbolo de Identificação com Cristo

Tomar a cruz é, antes de tudo, um ato de identificação com Cristo em sua morte e ressurreição, como descrito em Romanos 6:4-5:

Fomos, pois, sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma nova vida.

Essa identificação implica:

  • Morte para o pecado: Renunciar às práticas que não refletem a santidade de Deus.
  • Vida em ressurreição: Adotar uma nova perspectiva e propósito, vivendo em obediência ao Espírito Santo.

Assim como Cristo carregou sua cruz em submissão à vontade do Pai, somos chamados a fazer o mesmo, reconhecendo que nosso sofrimento e entrega têm um propósito redentor e transformador.

Coragem e Fidelidade em Meio à Oposição

Tomar a cruz envolve enfrentar resistência e perseguição com coragem e fidelidade. Jesus nos adverte em João 16:33:

Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.

A cruz diária não é uma aceitação passiva das dificuldades, mas uma decisão ativa de seguir os valores do Reino, mesmo quando isso provoca rejeição ou oposição.

Exemplos de cruzes que os discípulos enfrentam:

  • Rejeição social: Por defender a justiça, a pureza e os valores do evangelho.
  • Sacrifícios pessoais: Abrir mão de conforto, ambições ou segurança para seguir o chamado de Cristo.
  • Testemunho corajoso: Proclamar a verdade de Cristo, mesmo diante de perseguição.

Morrer para o “Eu” e Viver para Cristo

Tomar a cruz é uma decisão diária de morrer para si mesmo e viver para Cristo.

Isso inclui:

  1. Renunciar ao orgulho e à autopromoção: Reconhecendo que toda glória pertence a Deus.
  2. Colocar o Reino em primeiro lugar: Submeter nossos desejos à vontade do Pai.
  3. Servir com humildade: Amar ao próximo e sacrificar-se pelo bem dos outros.

Mateus 5:1-12 nos apresenta as bem-aventuranças, que ilustram como os discípulos devem viver:

  • Com humildade e mansidão: Rejeitando a busca por poder ou domínio.
  • Com fome de justiça: Defendendo a verdade e os princípios do Reino.
  • Com misericórdia e pureza: Refletindo o caráter de Cristo em todas as ações.

Essa atitude não é natural, mas é capacitada pelo Espírito Santo, que transforma nossas inclinações e nos dá força para viver conforme o exemplo de Cristo.

A Cruz como Serviço Sacrificial

A cruz diária não é apenas um símbolo de sofrimento, mas também de serviço sacrificial.

Jesus demonstrou isso ao lavar os pés dos discípulos, ao curar os marginalizados e, finalmente, ao morrer pela humanidade, como lemos em Marcos 10:45.

Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Tomar a cruz significa adotar essa mesma atitude de serviço:

  • Priorizar o bem do próximo: Ajudando os necessitados, discipulando outros e sendo um agente de reconciliação.
  • Servir na igreja e na sociedade: Usar seus dons para edificar o Corpo de Cristo e impactar o mundo.

A Cruz como Símbolo de Esperança e Glória

Embora a cruz esteja associada a sacrifício e sofrimento, ela também aponta para a esperança da ressurreição e da glória futura.

Em 2 Coríntios 4:17, Paulo nos lembra:

Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.

Essa esperança nos dá ânimo para carregar a cruz diariamente, sabendo que estamos participando da missão redentora de Cristo e aguardando a recompensa eterna.

Portanto, tomar a cruz diariamente é um chamado à transformação radical:

  1. Morrer para o pecado e viver para Deus.
  2. Resistir à oposição com coragem e fidelidade.
  3. Servir com humildade e amor sacrificial.

Esse chamado exige entrega, mas também nos concede a oportunidade de experimentar a plenitude da vida em Cristo.

A cruz diária nos lembra que somos parte de algo muito maior: o avanço do Reino de Deus e a manifestação de Sua glória no mundo.

Seguir-me: A Centralidade de Cristo no Discipulado

O convite de Jesus para segui-lo, conforme Lucas 9:23, é o coração do discipulado.

A palavra seguir vai além de um simples ato de caminhar atrás de alguém, já que ela simboliza uma aliança profunda e transformadora que abrange todas as áreas da vida.

Este chamado, intensamente relacional, é a essência do discipulado cristão e reflete uma vida moldada pela liderança de Cristo.

Seguir Jesus: Uma Resposta Relacional e Transformadora

Jesus não chamou seus discípulos para apenas aprenderem lições teóricas ou adotarem práticas religiosas.

Ele os convidou para um relacionamento íntimo e ativo, no qual cada decisão, atitude e valor seria moldado por sua liderança, como lemos em João 12:26:

Se alguém me serve, siga-me; e onde eu estiver, ali também estará o meu servo.

Seguir Jesus implica:

  • Proximidade com Ele: Estar onde Ele está e agir conforme Ele agiria.
  • Relacionamento contínuo: Manter um diálogo constante com Cristo por meio da oração e meditação na Palavra.
  • Transformação radical: Permitir que a convivência com Jesus mude profundamente o caráter, os valores e o propósito de vida.

Vivendo os Valores do Reino

Seguir Jesus significa adotar os valores que Ele ensinou e viveu:

  • Justiça: Agir com retidão, buscando o bem comum e a verdade em todas as circunstâncias.
  • Misericórdia: Estender graça aos necessitados, perdoar os que falham e cuidar dos marginalizados.
  • Amor altruísta: Amar o próximo sem esperar nada em troca, assim como Jesus amou.

Esses valores, embora contra a lógica do mundo, refletem a essência do Reino de Deus. Como discípulos, somos chamados a demonstrá-los em nossos relacionamentos, trabalho e decisões, conforme manifestado por Jesus em João 13:15:

Pois eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.

Submissão à Liderança de Cristo

Seguir Jesus exige uma submissão completa à sua liderança. Isso significa colocar a vontade de Cristo acima da nossa em todas as áreas:

  • Decisões Pessoais: Escolher a vontade de Deus, mesmo quando ela contraria nossos desejos.
  • Relacionamentos: Amar e tratar os outros de acordo com os ensinamentos de Jesus.
  • Propósito de Vida: Priorizar o avanço do Reino de Deus sobre ambições terrenas.

Essa submissão é um ato contínuo de entrega, que exige fé e confiança no plano de Deus, reconhecendo que Ele sabe o que é melhor para nós. Carregue consigo Provérbios 3:5:

Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento.

Fidelidade em um Mundo de Conveniência

Seguir Jesus em um mundo que valoriza a conveniência é um desafio que exige compromisso inabalável.

Enquanto a sociedade exalta o individualismo e as escolhas fáceis, o discipulado requer perseverança, mesmo em momentos difíceis.

O verdadeiro seguidor:

  • Prioriza o compromisso com Cristo: Não permite que circunstâncias ou opiniões moldem sua fé.
  • Enfrenta desafios com coragem: Confia na força do Espírito Santo para permanecer firme diante da oposição.
  • Mantém um testemunho consistente: Vive de maneira que reflita Cristo, mesmo em situações adversas.

Discipulado: Transformação e Testemunho

Seguir Jesus não é um programa de autoaperfeiçoamento ou autoajuda, mas uma jornada de transformação radical pela graça de Deus.

À medida que o discípulo caminha com Cristo, sua vida é moldada, e ele se torna um testemunho vivo que aponta para o Reino de Deus.

Essa transformação é visível em:

  • Caráter renovado: A pessoa reflete a imagem de Cristo em atitudes e palavras.
  • Impacto na sociedade: O discípulo torna-se luz e sal, influenciando positivamente seu contexto.
  • Multiplicação de discípulos: O seguidor ajuda outros a também seguirem Jesus, perpetuando o chamado.

Para gravar, leia Mateus 5:16:

Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.

Portanto, seguir Jesus não é apenas um ato inicial de decisão, mas uma jornada contínua de entrega, transformação e impacto.

Implica viver conforme os valores do Reino, submeter-se à liderança de Cristo em todas as áreas e manter fidelidade em um mundo que muitas vezes se opõe a esses princípios.

O discipulado nos chama a estar onde Jesus está, fazer o que Ele faria e testemunhar sua glória em nossa própria vida.

Elementos Essenciais para o Compromisso no Discipulado

O chamado ao discipulado é radical e transformador, exigindo uma entrega total.

Essa entrega é fundamentada em três elementos essenciais: renúncia, submissão e obediência.

Renúncia: Abrir mão de tudo que nos separa de Cristo

Renúncia é o primeiro passo no discipulado.

Ela envolve abandonar tudo que compete com a primazia de Cristo em nossa vida.

Isso não significa apenas deixar para trás bens materiais ou comportamentos pecaminosos, mas também abrir mão do ego, dos desejos próprios e das ambições que não glorificam a Deus. Nas palavras de Jesus, expressas em Lucas 14:33:

Assim, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.

Renúncia é uma decisão diária de colocar Cristo no centro, permitindo que Ele reoriente nossas prioridades e valores.

Tudo que nos separa de Deus deve ser deixado de lado, seja orgulho, medo ou apego às coisas terrenas.

Submissão: Reconhecer o Senhorio de Cristo

A submissão é a atitude de um coração que reconhece Jesus como Senhor de todas as áreas da vida.

Não há espaço para áreas neutras ou independentes, pois tudo – trabalho, relacionamentos, finanças, planos – deve estar sob o controle de Cristo, como lemos em 1 Pedro 5:6:

Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido.

Submeter-se é confiar que a vontade de Deus é sempre melhor e seguir as direções de Cristo, mesmo quando isso desafia nossos desejos pessoais ou os valores do mundo.

Obediência: Viver de acordo com os ensinamentos de Cristo

Obediência é a expressão prática de renúncia e submissão.

Ser obediente a Cristo significa viver de acordo com seus mandamentos e ensinamentos, mesmo quando isso exige sacrifício ou vai contra a cultura ao nosso redor. Ele mesmo afirma isso em João 14:15:

Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.

Essa obediência inclui amar nossos inimigos, perdoar os que nos ofendem e priorizar o Reino acima de nossos próprios interesses.

A obediência é a evidência de um coração verdadeiramente transformado.

Alegria e Esperança no Compromisso Radical

Embora o discipulado exija sacrifício, ele traz consigo uma alegria e esperança incomparáveis.

Essa alegria não é superficial nem circunstancial, pois é uma alegria fundamentada na comunhão com Cristo, na paz que excede o entendimento humano e na certeza da vida eterna, com garantias, como Ele mesmo afirmou em Mateus 11:28:

Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.

A vida em Cristo oferece descanso para a alma, mesmo em meio a desafios.

A verdadeira alegria surge da liberdade encontrada em Cristo, de viver com propósito e de participar de Sua missão redentora.

Concluímos assim que o discipulado é um chamado ao compromisso total.

É mais do que um estilo de vida, é um relacionamento profundo e transformador que redefine quem somos e como vivemos.

Envolve:

  1. Negar-se a si mesmo: Colocar Cristo acima de nossos desejos.
  2. Tomar a cruz diariamente: Aceitar os desafios e viver em submissão ao Reino.
  3. Seguir a Jesus: Adotar seus valores e obedecer a seus ensinamentos.

Esse compromisso não apenas transforma o indivíduo, mas também impacta a sociedade ao seu redor, apontando para o Reino de Deus e glorificando a Deus.

Desafio Prático

Reflita sobre sua jornada de discipulado e pergunte-se:

  1. Qual área da minha vida ainda não está completamente rendida a Cristo?
  2. Onde eu preciso exercer mais obediência aos ensinamentos de Jesus?
  3. Como posso viver os valores do Reino com mais intencionalidade?

Ação:

Anote três ações práticas para esta semana que demonstrem renúncia, submissão e obediência:

  • Uma decisão para colocar Cristo no centro de sua vida.
  • Um ato de submissão em uma área específica.
  • Uma prática de obediência que reflete os ensinamentos de Jesus.

Lembre-se: o discipulado não é apenas um compromisso; é uma jornada contínua de transformação radical pela graça de Deus.

Negar-se a si mesmo: O desafio do desapego

O exemplo dos primeiros discípulos

Os primeiros discípulos de Jesus oferecem um exemplo inspirador de compromisso, resiliência, submissão, obediência e disciplina.

Pedro, André, Tiago e João deixaram suas redes de pesca para seguir Jesus imediatamente quando Ele os chamou:

Caminhando junto ao mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André. Eles lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Jesus lhes disse: — Venham comigo, e eu os farei pescadores de gente. Então eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Pouco mais adiante, Jesus viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, o irmão dele. Eles estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e Jesus os chamou. Então eles, no mesmo instante, deixaram o barco e seu pai e seguiram Jesus.Mateus 4.18-22

No caso dos apóstolos, houve um chamado específico para deixarem suas vidas profissionais para se dedicarem exclusivamente ao ministério pastoral\discipular.

Em certa ocasião a respeito de renúncias, Pedro ficou perplexo com um discurso de Jesus e fez uma pergunta a esse respeito. Cristo, com toda sua sabedoria, esclareceu o que estava acontecendo com a decisão deles em segui-Lo.

Então Pedro disse: “Deixamos tudo para segui-lo. Qual será nossa recompensa?”. Jesus respondeu: “Eu lhes garanto que, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar em seu trono glorioso, vocês, que foram meus seguidores, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todos que tiverem deixado casa, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou propriedades por minha causa receberão em troca cem vezes mais e herdarão a vida eterna.Mateus 19.27-29

O que podemos compreender a respeito da decisão dos primeiros discípulos de Cristo?

Como já exposto anteriormente, a prontidão de Pedro, André, Tiago e João a resposta ao chamado de Jesus, deixando suas profissões, destaca a autoridade divina de Jesus e a solidificar o legado do discipulado.

Essa resposta imediata, exigiu de cada um deles fé a respeito daquilo que não se vê, bem colocado pelo Autor da carta aos Hebreus.

Sem fé é impossível agradar a Deus. Quem deseja se aproximar de Deus deve crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.Hebreus 11.6

No caso dos primeiros discípulos houve uma mudança de planos: “Farei de vocês pescadores de homens”.

Para muitos de nós, o chamado é uma mudança de perspectiva e valores. O que é mais importante?

Podemos ser discípulos nos lugares onde estamos inseridos (família, profissão, educacional, religioso, social). O convite de Jesus é um privilégio para àqueles que entregam suas vidas ao senhorio de Cristo.

A renúncia de si mesmo

Um dos aspectos fundamentais do compromisso no discipulado é a renúncia de si mesmo.

Isso significa colocar os interesses de Cristo e do Reino de Deus acima dos nossos próprios. Em Filipenses 2.3-4, Paulo escreve:

Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.

Essa atitude de humildade e serviço é essencial para o discipulado cristão autêntico.

Paulo inicia com um apelo à renúncia do ego, um tema recorrente em seus escritos. A “ambição egoísta” e a “vaidade” são atitudes que destroem a comunhão, e Paulo as contrasta com a humildade que deve caracterizar os seguidores de Cristo.

Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios. Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.Filipenses 2.4-8

O que podemos compreender com o ensino de Paulo a respeito da humildade não gravita no menosprezo de si, mas como valorizamos o nosso próximo.

Como explicar essa atitude?

Jesus conhece sua identidade, ou seja, Ele é bem resolvido consigo mesmo, porque sabe quem Ele é, porque expressa a imagem e semelhança de Deus Pai. O que Ele decide fazer no meio social, não o define.

Então, Jesus demonstra na prática o valor da humildade na valorização do próximo. Vejamos essas passagens bíblicas:

Então Jesus os reuniu e disse: “Vocês sabem que os que são considerados líderes neste mundo têm poder sobre o povo, e que os oficiais exercem sua autoridade sobre os súditos. Entre vocês, porém, será diferente. Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”.Marcos 10.42-45

Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e têm razão, porque eu sou. E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês. Eu lhes digo a verdade: o escravo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é mais importante que aquele que o envia. Agora que vocês sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem.”João 13.13-17

Essa atitude do ensino prático de Jesus reflete o que é fundamental para uma vida em comunidade.

Logo, vemos como esta passagem está em harmonia com o ensino bíblico sobre o amor e o serviço. João 13.34-35 fala sobre o amor como a marca distintiva dos discípulos de Cristo.

Já em Gálatas 5.13, Paulo exorta os crentes a servirem uns aos outros através do amor.

Esses versículos coletivamente sublinham a importância da humildade e do serviço no discipulado cristão.

A importância da resiliência

O compromisso no discipulado também envolve resiliência, perseverança, submissão, obediência e disciplina.

E quem não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.Lucas 14.27

Isso nos lembra que o discipulado não é apenas uma decisão única, mas sim um comprometimento diário de seguir a Jesus, mesmo quando enfrentamos provações, tentações e oposições na esfera celestial pelos principados do mal, como bem esclarece Paulo.

Vistam toda a armadura de Deus, para que possam permanecer firmes contra as estratégias do diabo. Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais. Portanto, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir ao inimigo no tempo do mal. Então, depois da batalha, vocês continuarão de pé e firmes.Efésios 6.11,12

Isso porque ao afirmar a necessidade de “levar a sua cruz”, Jesus está chamando seus discípulos para uma identificação total com Ele, inclusive na disposição para enfrentar perseguição, sofrimento e até a morte por causa do Evangelho, como lemos acima na passagem de Lucas 9.23.

O termo “vier após”, é repetido em Lucas 9.23. Portanto, seguir Jesus significa adotar Seus ensinos, valores e modo de vida como próprios. Implica em uma orientação de vida que prioriza o Reino de Deus acima de interesses pessoais ou mundanos, dia após dia, independe de qualquer circunstância.

A força do discipulado está no poder do Espírito Santo

Vamos relembrar que todo o processo discipular está na submissão e obediência ao Espírito Santo, que usa pessoas mais experientes a auxiliar os demais irmãos na fé, e também para àqueles que são experientes e que tenham vivência no chamado, como podemos ver nos exemplos bíblicos a seguir.

Revestimento

Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra”.Atos 1.8

Jesus e seus discípulos

Ele respondeu: “A vocês é permitido entender os segredos do reino dos céus, mas a outros não.Mateus 13.11

Então Pedro disse: “Explique-nos a parábola de que as pessoas não são contaminadas pelo que comem”. “Ainda não entendem?”, perguntou Jesus. “Tudo que comem passa pelo estômago e vai para o esgoto, mas as palavras vêm do coração, e é isso que os contamina. Pois do coração vêm maus pensamentos, homicídio, adultério, imoralidade sexual, roubo, mentiras e calúnias. São essas coisas que os contaminam. Comer sem lavar as mãos não os contaminará.”Mateus 15.15-20

Jesus dá uma advertência muito importante para que as revelações do reino de Deus sejam compreendidas e fazem com que seus discípulos vivam libertos da religiosidade opressora, bem como de um mundo hostil aos valores do Evangelho do Reino.

Jesus disse aos judeus que creram nele: “Vocês são verdadeiramente meus discípulos se permanecerem fiéis a meus ensinamentos. Então conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.João 8.31,32

O que Jesus está nos dizendo é que para sermos verdadeiramente livres, precisamos permanecer fieis aos seus ensinos e mandamentos. O resultado é conhecimento que liberta!

Paulo e Timóteo

Você, porém, que é um homem de Deus, fuja de todas essas coisas más. Busque a justiça, a devoção e também a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Lute o bom combate da fé. Apegue-se firmemente à vida eterna para a qual foi chamado e que tão bem você declarou na presença de muitas testemunhas.1 Timóteo 6.11,12

Paulo e Tito

Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí.Tito 1.5

Paulo e Filemon

Seu amor me tem dado grande alegria e consolação, porque você, irmão, tem reanimado o coração dos santos. Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, apelo em favor de meu filho Onésimo, que gerei enquanto estava preso.Filemom 1.7-10

Paulo e Pedro

Mas, quando Pedro veio a Antioquia, tive de opor-me a ele abertamente, pois o que ele fez foi muito errado. No começo, quando chegou, ele comia com os gentios. Mais tarde, porém, quando vieram alguns amigos de Tiago, começou a se afastar, com medo daqueles que insistiam na necessidade de circuncisão. Como resultado, outros judeus imitaram a hipocrisia de Pedro, e até mesmo Barnabé se deixou levar por ela. Quando vi que não estavam seguindo a verdade das boas-novas, disse a Pedro diante de todos: “Se você, que é judeu de nascimento, vive como gentio, e não como judeu, por que agora obriga esses gentios a viverem como judeus?Gálatas 2.11-14

É importante reconhecer que o compromisso no discipulado não é algo que podemos alcançar por nossos próprios esforços.

Quando estamos participando do mentoreio discipular, então, conseguimos compreender com mais profundida o que estes versículos, e tantos outros, estão querendo promover na vida de um discípulo de Cristo.

O discipulado, como já vimos é um comprometimento com Cristo e seu próximo. Esse processo desenvolve resiliência, perseverança, submissão, obediência e disciplina.

Sim, o processo discipular é uma jornada desafiadora, mas ao mesmo tempo, profundamente gratificante, transformador e libertador.

Contudo, requer renúncia de si mesmo, e humildade. Encontramos no discipulado o significado, na prática, o que é interdependência interpessoal e com Deus.

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