Origem Histórica e Bíblica do Discipulado

Junte-se a mais de 300 cristãos que já estão inseridos em nossa comunidade.

O discipulado é um tema central na história da redenção, começando na criação, onde Deus chamou o homem para refletir Sua imagem.

No tempo de Jesus, o discipulado alcançou seu auge, com Cristo convidando seguidores a uma transformação radical.

Exploraremos o segredo do chamamento de Jesus, as bases bíblicas que sustentam o discipulado, o papel dos primeiros discípulos e a Igreja Primitiva, que expandiu essa missão.

Por fim, veremos como o discipulado evoluiu e sua relevância nos dias de hoje, chamando cada cristão a viver conforme os ensinamentos de Cristo.

O Discipulado desde Criação

Desde os primórdios, a jornada do discipulado é entrelaçada com a história da humanidade.

O Discipulado de Adão e Eva

Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.

Desde a criação, o discipulado é parte da jornada humana.

Em Gênesis 3.8, vemos Deus caminhando pelo jardim, em um relacionamento próximo com Adão e Eva. Esse momento revela o discipulado como uma comunhão relacional, onde o Criador instrui e guia Suas criaturas.

Antes da queda, o homem foi chamado a refletir a imagem de Deus e administrar a criação como Seu representante. Esse era o discipulado primordial: viver em aliança com Deus, aprendendo diretamente d’Ele e refletindo Sua glória.

Mesmo após o pecado, Deus continuou buscando restaurar essa relação, apontando para o discipulado em Cristo, o novo Adão.

O Chamado de Abraão

Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.

O chamado de Abraão em Gênesis 12.1 reflete a essência do discipulado: ouvir a voz de Deus, abandonar antigas seguranças e seguir Seu plano em obediência.

Deus não apenas convocou Abraão para uma terra desconhecida, mas para um relacionamento de fé, onde Abraão seria moldado e se tornaria uma bênção para as nações.

Esse modelo de discipulado é marcado por confiança e transformação.

Assim como Abraão, os discípulos de Jesus foram chamados a deixar tudo para segui-Lo (Lucas 14:33). O discipulado começa com um chamado divino e leva à conformação ao propósito de Deus para o mundo.

O Chamado de Jacó

Ao lado dele estava o Senhor, que lhe disse: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. Darei a você e a seus descendentes a terra na qual você está deitado. Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência. Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi”. Quando Jacó acordou do sono, disse: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia!”

O encontro de Jacó com Deus em Gênesis 28.13-16 revela o discipulado como uma jornada de transformação.

Jacó, inicialmente marcado por engano e ambição, é confrontado com a promessa de bênção e propósito.

Deus se apresenta como o Senhor de Abraão e Isaque, reafirmando Sua aliança e moldando Jacó em direção à imagem de Jesus: alguém que traria bênção a todos os povos.

Ao acordar, Jacó reconhece a presença divina, iniciando uma mudança em sua vida. Esse encontro demonstra que o discipulado começa com a graça de Deus, que transforma nossos caminhos para refletir Seu caráter e missão.

Moisés e o Relacionamento Face a Face

Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: “Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três”. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente, e ele disse: “Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. Não é assim, porém, com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do Senhor. Por que não temeram criticar meu servo Moisés? “

Em Números 12.4-8, Deus destaca o discipulado único de Moisés, moldando-o como líder fiel e reflexo de Sua glória.

Ao falar com Moisés face a face, Deus revela um relacionamento profundo e direto, onde o servo é transformado por meio da intimidade com Ele.

Esse modelo aponta para Cristo, o perfeito mediador, que nos convida a um discipulado baseado na comunhão pessoal com Deus.

Assim como Moisés foi moldado pela fidelidade e visão clara do Senhor, o discipulado cristocêntrico nos transforma à imagem de Cristo, capacitando-nos a viver como representantes de Deus em fidelidade e amor ao próximo.

Deus Moldando Josué

Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, disse o Senhor a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: “Meu servo Moisés está morto. Agora, pois, você e todo este povo, preparem-se para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas. Como prometi a Moisés, todo lugar onde puserem os pés eu darei a vocês. Seu território se estenderá do deserto ao Líbano, e do grande rio, o Eufrates, toda a terra dos hititas, até o mar Grande, no oeste. Ninguém conseguirá resistir a você, todos os dias da sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o abandonarei.

Em Josué 1.1-5, vemos como Deus discipula Josué para liderar o povo, moldando nele valores, virtudes e comportamentos que apontam para Jesus. Deus encoraja Josué a agir com coragem, fé e obediência, virtudes fundamentais para refletir o caráter de Cristo.

Ao prometer Sua presença constante, Deus desenvolve em Josué confiança e dependência total n’Ele, características que vemos plenamente em Jesus, que vivia em perfeita comunhão com o Pai.

Além disso, Josué é chamado a liderar com humildade e serviço, cuidando do povo de Deus, assim como Cristo lidera com amor e sacrifício por Seu rebanho.

Deus discipula Josué para ser um exemplo de perseverança, resiliência e fidelidade à missão divina, virtudes que prefiguram a liderança de Jesus como o supremo Pastor e Rei.

Elias e Elizeu

O Senhor lhe disse: “Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta. Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando com doze parelhas de bois, e estava conduzindo a décima-segunda parelha. Elias o alcançou e lançou a sua capa sobre ele. Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias. “Deixa-me dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe”, disse, “e então irei contigo. ” “Vá e volte”, respondeu Elias, “pelo que lhe fiz.”

Em 1 Reis 19.15-20, vemos como Deus utiliza Elias para discipular Eliseu, moldando nele valores, virtudes e comportamentos que refletiriam Jesus.

Ao lançar sua capa sobre Eliseu, Elias o chama para um relacionamento de aprendizado e transformação. Eliseu demonstra obediência imediata e desprendimento, deixando tudo para seguir seu mestre — um comportamento semelhante ao chamado de Jesus aos discípulos (Lucas 5:11).

Nesse discipulado, Eliseu aprende humildade, fidelidade e perseverança, virtudes essenciais em Cristo. Por meio da liderança de Elias, Deus molda Eliseu para servir ao próximo com poder e compaixão, preparando-o para ser um profeta que prefiguraria o caráter e a missão de Jesus.

O Discipulado no Tempo de Jesus

No tempo de Jesus, o discipulado era uma prática central na cultura judaica, onde os discípulos escolhiam seus mestres, alinhando-se a escolas específicas de pensamento.

As escolas de Hillel e Shammai eram as mais influentes. Hillel era conhecido por sua abordagem mais compassiva e flexível da Lei, enquanto Shammai representava uma interpretação mais rigorosa e estrita.

O apóstolo Paulo, antes de se tornar seguidor de Cristo, foi discípulo de Gamaliel, neto de Hillel, conforme relatado em Atos 22.3.

Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui instruído rigorosamente por Gamaliel na lei de nossos antepassados, sendo tão zeloso por Deus quanto qualquer de vocês hoje.

Ele foi educado rigorosamente nas tradições e leis judaicas, recebendo uma formação que o preparou para ser um líder religioso zeloso.

Nesse contexto, o discipulado visava não apenas transmitir conhecimento, mas também moldar o caráter e a prática de vida do discípulo de acordo com os ensinamentos do mestre.

Jesus, no entanto, inverteu essa lógica cultural. Ele declarou em João 15:16:

Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome.

Primeiro, que Ele escolheu Seus discípulos, chamando pessoas comuns, como pescadores e cobradores de impostos, para segui-Lo. Em vez de se alinhar às escolas tradicionais, Jesus ofereceu um discipulado que ia além da Lei, focado na transformação do coração e no seguimento relacional.

Em segundo, Sua abordagem formou discípulos preparados para refletir Seu caráter e levar adiante Sua missão de salvação e reconciliação.

Aqui, o “fruto” refere-se à transformação do caráter, à vida em obediência e ao impacto espiritual que reflete a imagem de Cristo. O discipulado de Jesus não se limitava ao aprendizado intelectual, mas ao desenvolvimento de um coração transformado, que manifesta amor, paz, justiça e o avanço do Reino de Deus.

Por meio desse chamado, Jesus formou discípulos que não apenas viviam Sua missão, mas também produziam frutos que glorificam a Deus e permanecem para a eternidade.

Pedro e André

Pedro e Andre.jpg

Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”.

Em Mateus 4.18-19, Jesus chama Pedro e André com um convite transformador: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens.” Esse chamado não apenas os tirou de sua profissão como pescadores, mas iniciou um processo de discipulado que moldaria seus valores, virtudes e comportamentos à imagem de Cristo.

Jesus ensinou-lhes a humildade, mostrando que o Reino de Deus não se baseia em status ou habilidades humanas, mas na dependência d’Ele. Ele desenvolveu neles a compaixão, enquanto os orientava a cuidar das multidões com amor e sensibilidade espiritual.

Ao caminhar com Jesus, Pedro e André aprenderam a coragem e a fé, necessárias para enfrentar desafios e proclamar o Evangelho.

Além disso, Jesus os ensinou a servir e a liderar com o coração de um pastor, refletindo o próprio caráter d’Ele.

O discipulado transformou Pedro e André em homens que não apenas seguiam Jesus, mas refletiam Sua missão, sendo exemplos vivos de obediência e amor sacrificial.

Levi (Mateus)

Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Levi levantou-se, deixou tudo e o seguiu.

Em Lucas 5.27-28, Jesus chama Levi, um publicano, para segui-Lo. Levi, também conhecido como Mateus, responde ao chamado deixando tudo para trás — uma demonstração de entrega total e prontidão para a transformação que o discipulado de Jesus traria.

Jesus moldou em Levi valores que refletiam o Reino de Deus, substituindo o materialismo e a corrupção associados à sua antiga profissão pela integridade e generosidade.

A partir dessa entrega, Levi aprendeu a virtude do serviço, acolhendo pessoas e compartilhando o Evangelho, como demonstra o banquete em sua casa (Lucas 5.29).

Ao caminhar com Jesus, Levi desenvolveu a compaixão e o amor, características centrais do caráter de Cristo, aprendendo a olhar além das divisões sociais para acolher pecadores e marginalizados.

Sua obediência e transformação o capacitaram a registrar o Evangelho de Mateus, apontando outros para Jesus e perpetuando os valores do Reino.

Tiago e João

Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, o seguiram.

Em Mateus 4.21-22, Jesus chama Tiago e João enquanto trabalhavam com seu pai, Zebedeu. Eles imediatamente deixam o barco e o pai para seguir Jesus, demonstrando prontidão e total entrega ao chamado divino.

Jesus começou a moldar neles valores essenciais do Reino, transformando sua ambição e temperamento, evidentes quando queriam invocar fogo sobre uma cidade (Lucas 9.54), em mansidão e compaixão.

Eles aprenderam com Jesus o amor sacrificial, essencial para o discipulado cristão.

Tiago foi moldado como um líder corajoso, sendo o primeiro apóstolo a morrer pelo Evangelho (Atos 12.2), refletindo a coragem de Cristo.

João, conhecido como o “discípulo amado”, foi transformado em um modelo de amor e fidelidade, expressos profundamente em seus escritos sobre o amor de Deus.

Deus trabalhou em suas vidas para que, através de sua obediência, coragem e amor, eles refletissem o caráter de Jesus e levassem adiante Sua missão.

Filipe e Natanael

No dia seguinte Jesus decidiu partir para a Galiléia. Quando encontrou Filipe, disse-lhe: “Siga-me”. Filipe, como André e Pedro, era da cidade de Betsaida. Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei, e a respeito de quem os profetas também escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José”. Perguntou Natanael: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá? ” Disse Filipe: “Venha e veja”.

Em João 1.43-46, Jesus chama Filipe com um simples “Segue-me”. Filipe, de coração disposto, imediatamente compartilha sua descoberta com Natanael, mostrando um espírito evangelístico e um desejo de conectar outros a Cristo.

Filipe foi moldado em valores como obediência e prontidão, aprendendo com Jesus a importância de confiar plenamente em Deus, mesmo em situações desafiadoras, como quando questionou como alimentar as multidões (João 6.7).

Sua caminhada com Jesus o transformou em um mensageiro fiel, refletindo o caráter de Cristo.

Natanael, inicialmente cético quanto a Jesus por Sua origem humilde (“Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”), é convidado por Filipe a “vir e ver”. Ao encontrar Jesus, Natanael reconhece Sua divindade, revelando um coração que busca a verdade.

Ele é moldado em virtudes como humildade e fé genuína, refletindo a autenticidade de um discípulo que reconhece e proclama Jesus como o Filho de Deus.

A autoridade de Jesus demonstra Seu papel ativo na chamada para o discipulado. Quando Cristo escolhe um discípulo, sua vida é transformada.

Os primeiros Discípulos da Igreja Primitiva

Após a ressurreição de Jesus e Sua ascensão, os discípulos não apenas cumpriram a Grande Comissão, mas também se tornaram os pilares da Igreja Primitiva.

Eles continuaram a praticar o discipulado, ensinando e orientando outros na fé.

O livro de Atos dos Apóstolos é uma rica fonte de informações sobre como o discipulado estava enraizado na vida da igreja primitiva.

Vamos observar essa passagem de Atos 2:42:

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.

Este versículo oferece uma visão profunda sobre o papel e a prática dos discípulos após a ressurreição e ascensão de Jesus Cristo.

Ele é um pilar na compreensão da vida da Igreja Primitiva, destacando quatro componentes essenciais: doutrina dos apóstolos, comunhão, partir do pão e as orações.

Veremos melhor cada um deles a seguir:

Doutrina dos Apóstolos: A “doutrina dos apóstolos” refere-se ao ensino e pregação dos apóstolos, que era baseado nos ensinamentos de Jesus Cristo. Simples assim! Entretanto, este aspecto enfatiza a importância da transmissão fiel da mensagem de Cristo, como fundamentado em outras passagens bíblicas, como 2 Timóteo 2:2, onde Paulo instrui Timóteo a confiar o que aprendeu a homens fiéis que seriam capazes de ensinar outros.

Comunhão: A comunhão (koinonia em grego) vai além do mero convívio social. Aqui, representa uma profunda partilha espiritual e material entre a comunidade de discípulos. Este conceito é ampliado em passagens como 1 João 1:3 que fala sobre a comunhão com o Pai e com o Filho, e Atos 4.32-35, que descreve como os primeiros cristãos compartilhavam seus bens.

Partir do Pão: Esta frase pode ser interpretada tanto como uma referência à Ceia do Senhor (1 Coríntios 11.23-26), como também de não deixar seu próximo passar necessidade material, financeira, emocional e principalmente espiritual. Esta prática demonstra uma expressão tangível de comunhão e unidade na comunidade de fé.

Orações: A oração era central na vida da Igreja Primitiva, um fator crucial na sua força e orientação. Em passagens como Efésios 6.18, Paulo exorta os crentes a orarem constantemente, destacando a importância da oração na vida cristã.

Assim, estes quatro elementos juntos formavam a base da vida comunitária e espiritual na Igreja Primitiva, demonstrando uma continuidade e fidelidade aos ensinamentos de Jesus.

A ênfase na doutrina e na comunhão sugere que o autor de Atos (tradicionalmente Lucas) pretendia mostrar como a igreja primitiva era profundamente enraizada nos ensinamentos de Jesus, vivendo em uma comunidade unida e dedicada à oração e à adoração.

A harmonia desta passagem com o resto da Bíblia é vista na forma como ela reflete os ensinamentos de Jesus sobre a comunidade, amor ao próximo, e a importância da oração e ensino.

Por exemplo, em João 13.34-35, Jesus instrui seus discípulos a amarem uns aos outros, um princípio que se manifesta na comunhão e no compartilhar entre os primeiros cristãos.

Como resultado de obediência e submissão, o crescimento da Igreja Primitiva, não se dava por artimanhas humanas, mas pelo poder de Deus, como lemos em Atos 2:47:

Sempre louvando a Deus e desfrutando a simpatia de todo o povo. E, a cada dia, o Senhor lhes acrescentava aqueles que iam sendo salvos.

O crescimento saudável e sustentável de uma Igreja local está no cumprimento dos quatro pilares já mencionados acima.

Vale ressaltar que o desejo de Deus continua inabalável em relação a missão de Sua Igreja, ou seja, crescimento e transformação. Paulo relembra isso em 1 Timóteo 2:3-4, dizendo:

Isso é bom e agrada a Deus, nosso Salvador, cujo desejo é que todos sejam salvos e conheçam a verdade.

Portanto, este estudo sobre os primeiros discípulos revela a intenção de mostrar como os discípulos cumpriram a Grande Comissão não apenas através da evangelização, mas também através da formação de uma comunidade que vivia os ensinamentos de Cristo de maneira tangível e transformadora.

As Bases Bíblicas do Discipulado

Uma base sólida para o discipulado é encontrada nas palavras de Jesus conhecidas como a Grande Comissão, registrada em Mateus 28:19-20, antes de Jesus subir aos céus:

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês (…)”

Mateus, tradicionalmente identificado como o autor do Evangelho que leva seu nome, escreveu para uma comunidade predominantemente judaica-cristã.

Seu objetivo era apresentar Jesus como o Messias prometido no Antigo Testamento, estabelecendo uma ponte entre as tradições judaicas e o ensino de Jesus.

Neste contexto, a “Grande Comissão” representa uma expansão do ministério de Jesus para além das fronteiras de Israel, alcançando todas as nações. A passagem destaca três componentes principais do discipulado:

Fazer Discípulos: A ordem de “fazer discípulos” implica mais do que apenas converter pessoas. Envolve um processo contínuo de educação, crescimento espiritual e conformação à imagem de Cristo (Romanos 8:29, a respeito do propósito eterno de Deus). Esta tarefa não é limitada a um grupo específico, mas estendida a “todas as nações”, mostrando o caráter universal da mensagem de Cristo.

Batismo: O batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é um ato simbólico de iniciação na comunidade cristã. Representa a identificação com a morte e ressurreição de Cristo (Romanos 6:3-4) e a aceitação da Trindade, um conceito fundamental da fé cristã.

Ensino: Ensinar a “observar todas as coisas que eu vos tenho mandado” enfatiza a importância da obediência e da prática dos ensinamentos de Jesus. Isso ressalta a necessidade de uma vida transformada, alinhada aos princípios e valores do Evangelho do Reino de Deus.

Por exemplo, o livro de Atos dos Apóstolos (especialmente Atos 1:8) complementa a Grande Comissão, enfatizando o papel do Espírito Santo no discipulado e na expansão da Igreja. Ou seja, você recebe poder para ser uma testemunha fiel.

Além disso, as epístolas paulinas (cartas de Paulo), frequentemente abordam temas de ensino, crescimento espiritual e comunidade, que são essenciais para entender o discipulado (Efésios 4:11-13).

No contexto atual, a Grande Comissão nos desafia, como cristãos, a sermos proativos na educação e no discipulado, incentivando uma fé que não é apenas declarativa, mas também prática e transformadora.

Este mandamento reafirma a responsabilidade dos cristãos em compartilhar sua fé e viver de acordo com os ensinamentos de Jesus, promovendo uma comunidade que reflete os valores do Reino de Deus.

O Discipulado nos dias de hoje

Apesar das mudanças culturais e sociais ao longo dos séculos, o discipulado continua sendo uma prática vital na nossa vida cristã moderna.

O compromisso de seguir a Jesus, aprender com Ele e compartilhar Sua mensagem permanece inalterado.

Entretanto, o que muda é apenas o formato, já que temos a nossa disposição recursos multimídia, internet e outras tecnologias que permite que qualquer pessoa possa conhecer, seguir e imitar Jesus, ser discipulado(a) e ser um(a) discipulador(a).

Mas falaremos mais sobre a relevância do discipulado na vida cristã contemporânea na próxima aula.

Você Pode Gostar

Veja como a Bíblia apresenta os tipos e as consequências do pecado, identificar suas raízes e os frutos de arrependimento.
Estudo cronológico dos Evangelhos, com 1 capítulo por dia, divididos em níveis de superfície, submersão e profundidade.
Um plano diário com leitura guiada e estudos em 3 níveis de profundidade para transformar sua vida espiritual em 1 ano.