Hoje mergulharemos em Mateus 4, 5, 6 e 7, capítulos essenciais que revelam os fundamentos do Reino de Deus e o chamado radical ao discipulado.
Neles, encontramos a tentação de Jesus no deserto, o Sermão do Monte e os ensinamentos transformadores sobre justiça, oração, confiança e obediência.
Esses textos não são apenas discursos morais ou éticos, mas a revelação do coração de Deus para aqueles que desejam segui-Lo. Eles nos desafiam a viver uma fé autêntica, baseada em um relacionamento profundo com o Pai e na prática concreta dos ensinamentos de Cristo.
Meu desejo é que, ao estudarmos juntos, você experimente um crescimento espiritual sólido e uma compreensão mais profunda do que significa viver como cidadão do Reino de Deus, enfrentando os desafios da vida com uma base inabalável na Palavra.
Prontos para começar? Vamos juntos!
Superfície
Mateus 4: A Tentação de Jesus e o Início de Seu Ministério
Neste capítulo, Jesus é levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo.
Após jejuar por quarenta dias e quarenta noites, Satanás o desafia em três áreas: necessidades físicas (transformar pedras em pão), identidade e proteção divina (lançar-se do pináculo do templo), e poder e glória (adorar Satanás em troca dos reinos do mundo).
Jesus responde a cada tentação com as Escrituras, mostrando sua fidelidade absoluta ao Pai.
Após a tentação, Jesus inicia seu ministério público, chamando seus primeiros discípulos — Pedro, André, Tiago e João — e pregando o arrependimento, pois “o Reino dos céus está próximo”. Ele também começa a curar enfermos, atraindo multidões.
Versículos-Chave:
- “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (4:4)
- “Não tentarás o Senhor teu Deus.” (4:7)
- “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” (4:17)
- “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (4:19)
- “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino.” (4:23)
Promessa: Deus fortalece aqueles que resistem à tentação por meio de Sua Palavra (4:4).
Mandamento: Devemos viver pelo alimento espiritual da Palavra de Deus, não apenas pelo material (4:4).
Aponta para Jesus: Cristo vence a tentação onde Adão falhou, mostrando-se como o novo e perfeito representante da humanidade (Romanos 5:19).
Mateus 5: O Sermão do Monte – As Bem-Aventuranças e o Chamado à Justiça
Neste capítulo, Jesus sobe ao monte e começa um dos discursos mais importantes da Bíblia: o Sermão do Monte.
Ele inicia com as Bem-Aventuranças, declarando felizes aqueles que buscam a justiça, a misericórdia e a pureza de coração. Jesus ensina sobre ser sal da terra e luz do mundo, enfatiza o cumprimento da Lei, e aprofunda os mandamentos de Deus, mostrando que a verdadeira justiça não é apenas externa, mas uma transformação interior.
Ele também trata de temas como a ira, o adultério no coração, o divórcio, os juramentos, o amor aos inimigos e o chamado a ser perfeito como Deus é perfeito.
Versículos-Chave:
- “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” (5:6)
- “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” (5:14)
- “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.” (5:17)
- “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” (5:44)
- “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (5:48)
Promessa: Os que buscam a justiça serão saciados (5:6).
Mandamento: Devemos amar até mesmo nossos inimigos (5:44).
Aponta para Jesus: Ele é o cumprimento perfeito da Lei e dos Profetas (5:17).
Mateus 6: A Vida de Oração, a Confiança em Deus e o Reino em Primeiro Lugar
Jesus continua o Sermão do Monte ensinando sobre a prática da justiça, a oração e a confiança em Deus.
Ele nos alerta contra a hipocrisia ao dar esmolas, orar e jejuar, ensinando que devemos buscar a aprovação de Deus, não a dos homens.
Ele apresenta a Oração do Pai Nosso como modelo de comunhão com Deus, abordando perdão, provisão e proteção contra o mal.
Também ensina sobre a busca pelo Reino de Deus em primeiro lugar, chamando-nos a confiar na provisão divina em vez de nos preocuparmos excessivamente com bens materiais.
Versículos-Chave:
- “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (6:6)
- “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (6:9)
- “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (6:21)
- “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (6:33)
- “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (6:34)
Promessa: Deus cuida das nossas necessidades quando buscamos Seu Reino primeiro (6:33).
Mandamento: Devemos confiar em Deus em vez de nos preocuparmos excessivamente com o futuro (6:34).
Aponta para Jesus: Ele é o nosso modelo de oração e total dependência do Pai (6:9-13).
Mateus 7: O Juízo Justo, o Caminho Estreito e a Rocha Firme
Jesus conclui o Sermão do Monte falando sobre julgar corretamente, pedindo a Deus com fé, o caminho estreito para a vida, os falsos profetas e a obediência à Palavra.
Ele nos alerta sobre o perigo de praticar apenas uma religiosidade exterior, enfatizando que somente aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no Reino dos céus.
Ele encerra com a parábola dos dois fundamentos: quem ouve e obedece às Suas palavras é como o homem sábio que constrói sua casa sobre a rocha; quem não obedece é como o insensato que a constrói sobre a areia, e sua ruína é grande.
Versículos-Chave:
- “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (7:1)
- “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (7:7)
- “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição.” (7:13)
- “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus.” (7:21)
- “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (7:24)
Promessa: Deus responde àqueles que pedem, buscam e batem (7:7).
Mandamento: Devemos construir nossa vida sobre a Palavra de Deus, obedecendo-a (7:24).
Aponta para Jesus: Ele é a rocha firme sobre a qual devemos edificar nossa vida (7:24-25).
O Cuidado e a Proteção de Deus
Deus demonstra um profundo cuidado pelo bem-estar espiritual e emocional do ser humano.
Em Mateus 4-7, Jesus ensina sobre a confiança em Deus, a superação das tentações e a verdadeira paz que vem da comunhão com o Pai. Ele nos orienta a viver livres da ansiedade, do medo e da insegurança, mostrando que Deus deseja nos proteger e fortalecer em todos os aspectos da vida.
Os ensinamentos de Jesus nesses capítulos revelam princípios fundamentais para nossa saúde espiritual e emocional, assegurando-nos que não estamos sozinhos e que Deus cuida de cada detalhe da nossa existência.
Deus é Nossa Fortaleza em Meio às Tentações: Mateus 4:4, Mateus 4:7, Mateus 4:10
Durante sua tentação no deserto, Jesus mostrou que a verdadeira força vem de depender da Palavra de Deus. Ele nos ensina que não precisamos ceder às pressões e às ofertas do mundo para nos sentirmos completos. Quando enfrentamos tentações emocionais, como dúvidas, medos e sentimentos de inferioridade, podemos recorrer à Escritura para encontrar segurança e direção.
Deus Cuida das Nossas Necessidades e Nos Convida a Confiar Nele: Mateus 6:25-26, Mateus 6:31-33
Jesus ensina que não devemos nos preocupar excessivamente com nossas necessidades diárias. Deus cuida dos pássaros e das flores, e quanto mais de nós, Seus filhos! A ansiedade emocional muitas vezes surge da falta de confiança em Deus, mas Ele nos assegura que nossa vida está sob Seu controle e que podemos descansar em Seu cuidado.
Deus Nos Ensina a Perdoar para Ter um Coração Livre: Mateus 6:14-15
A falta de perdão é uma das principais causas de sofrimento emocional. Jesus nos ensina que perdoar é essencial para manter a paz interior e o relacionamento com Deus. O perdão liberta a alma da amargura e nos permite viver uma vida emocionalmente saudável.
Deus Nos Dá Sabedoria para Fazer Escolhas Certas: Mateus 7:13-14, Mateus 7:24-25
Jesus fala sobre o caminho estreito que leva à vida e compara aqueles que ouvem e obedecem às Suas palavras a um homem sábio que constrói sua casa sobre a rocha. Isso nos ensina que, ao seguir os princípios de Deus, encontramos estabilidade emocional e espiritual, mesmo em meio às tempestades da vida.
Deus Está Sempre Pronto para Nos Ajudar Quando Clamamos a Ele: Mateus 7:7-8
Jesus nos encoraja a pedir, buscar e bater, pois Deus sempre responde àqueles que O buscam. Isso nos dá a certeza de que, quando nos sentimos fracos, angustiados ou inseguros, podemos recorrer ao Pai, e Ele nos ouvirá. Sua presença nos fortalece e renova nossas emoções, trazendo paz ao nosso coração.
O Pecado em Mateus 4–7
A Tentação e a Fraqueza Humana
- Pecado: Em Mateus 4:3-9, Satanás tenta Jesus, apelando para desejos humanos como a fome, o orgulho e o poder. Essa passagem expõe as tentações comuns a todos nós: buscar soluções fora da vontade de Deus (4:3), testar a fidelidade de Deus (4:6) e idolatrar as riquezas e o poder em troca de vantagens pessoais (4:9).
- Consequências:
- A queda espiritual e moral ocorre quando cedemos às tentações e confiamos mais em nossas próprias vontades do que em Deus.
- Afastamento da presença de Deus e da Sua paz, resultando em insatisfação e frustração.
- Fruto de Arrependimento: Resistir ao diabo com a Palavra de Deus (Efésios 6:17), depender do Senhor em meio às dificuldades (Mateus 4:4) e buscar a verdadeira adoração a Deus em espírito e verdade (Mateus 4:10).
Hipocrisia e Religiosidade Exterior
- Pecado: Em Mateus 6:1-5 e Mateus 6:16, Jesus denuncia a hipocrisia dos que praticam boas obras para serem vistos pelos homens. A falsa religiosidade visa reconhecimento e louvor humano, em vez de uma devoção sincera a Deus.
- Consequências:
- O engano espiritual, onde se acredita que aparência e rituais externos podem substituir um coração transformado.
- A perda da verdadeira recompensa de Deus, pois aqueles que buscam a glória dos homens já receberam sua recompensa na terra (Mateus 6:2).
- Fruto de Arrependimento: Servir a Deus em segredo, buscando agradá-Lo em primeiro lugar (Mateus 6:4). Orar, jejuar e dar esmolas com sinceridade e humildade, sem buscar reconhecimento (Mateus 6:6, 6:18).
Ansiedade e Falta de Fé em Deus
- Pecado: Em Mateus 6:25-34, Jesus ensina sobre a preocupação excessiva com o futuro, que reflete falta de confiança na provisão divina. A ansiedade rouba a paz e leva as pessoas a se sobrecarregarem emocionalmente por aquilo que não podem controlar.
- Consequências:
- O medo constante e a insatisfação com a vida, que geram estresse e insegurança.
- A distração espiritual, pois a preocupação excessiva impede a busca pelo Reino de Deus (Mateus 6:33).
- Fruto de Arrependimento: Confiar na fidelidade de Deus, sabendo que Ele cuida das nossas necessidades (Mateus 6:26). Substituir a ansiedade pela oração e pela busca constante do Reino de Deus (Filipenses 4:6-7).
Julgamento e Orgulho Espiritual
- Pecado: Em Mateus 7:1-5, Jesus adverte contra o julgamento hipócrita, onde alguém aponta as falhas dos outros sem enxergar seus próprios erros. Esse comportamento revela um coração orgulhoso e sem misericórdia.
- Consequências:
- Relacionamentos prejudicados, pois um espírito crítico e condenador destrói a unidade e a comunhão.
- Medida recíproca de julgamento, pois aquele que julga também será julgado (Mateus 7:2).
- Fruto de Arrependimento: Praticar a humildade, reconhecendo as próprias falhas antes de corrigir os outros (Mateus 7:5). Exercitar a graça e o amor no tratamento com as pessoas (Efésios 4:32).
Falsa Segurança Espiritual
- Pecado: Em Mateus 7:21-23, Jesus alerta sobre aqueles que chamam “Senhor, Senhor”, mas não fazem a vontade de Deus. Isso reflete a falsa segurança espiritual, onde alguém acredita estar no caminho certo sem uma real transformação interior.
- Consequências:
- A ilusão espiritual, onde a pessoa pode pensar que suas obras religiosas são suficientes sem um relacionamento genuíno com Deus.
- A separação eterna de Cristo, pois Ele declara que nunca conheceu aqueles que praticam a iniquidade (Mateus 7:23).
- Fruto de Arrependimento: Viver não apenas de palavras, mas de obediência à vontade de Deus (Tiago 1:22). Construir a vida sobre a rocha firme da Palavra de Deus (Mateus 7:24-25), desenvolvendo um relacionamento verdadeiro com Cristo.
Submersão
Contextualização Histórica e Cultural de Mateus 4–7
Autor e Data
O evangelho de Mateus é tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus, também chamado de Levi, um ex-cobrador de impostos que se tornou um dos doze discípulos de Jesus. Foi escrito entre os anos 50-70 d.C., antes ou logo após a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C..
Mateus escreveu para um público predominantemente judeu, enfatizando Jesus como o Messias prometido e o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Seu evangelho está repleto de referências à Lei, aos Profetas e à genealogia de Jesus, mostrando que Ele é o herdeiro legítimo do trono de Davi.
- Curiosidade: Mateus usou muitas citações do Antigo Testamento (cerca de 60 referências diretas) para reforçar sua mensagem de que Jesus é o Messias esperado pelos judeus.
Contraste com Outras Cosmogonias Antigas
Mateus apresenta um contraste nítido entre o Reino de Deus e os reinos terrenos, que estavam sob forte influência do politeísmo greco-romano e do pensamento farisaico da época.
- O Reino de Deus vs. O Império Romano:
- Enquanto Roma expandia seu domínio pelo poder militar e pela imposição de tributos, Jesus pregava um Reino de paz, justiça e amor (Mateus 5:3-12).
- César era chamado de “Senhor” e “Salvador”, mas Mateus apresenta Jesus como o verdadeiro Rei e Salvador da humanidade (Mateus 1:21).
- Justiça Humana vs. Justiça Divina:
- A sociedade judaica estava dominada por uma interpretação legalista da Lei, ensinada pelos fariseus e saduceus. Jesus, no entanto, ensina uma justiça que vem do coração e não apenas da obediência externa (Mateus 5:20).
- O Caminho da Violência vs. O Caminho da Paz:
- Muitos judeus esperavam um Messias guerreiro que lideraria uma revolta contra Roma. Porém, Jesus ensinou a amar os inimigos e vencer o mal com o bem (Mateus 5:44).
- Curiosidade: O Sermão do Monte (Mateus 5–7) é um manifesto revolucionário contra os valores da sociedade da época. Ao invés da vingança e do poder, Jesus ensina a humildade, a misericórdia e a confiança total em Deus.
Estrutura Social e Contexto Cultural
Mateus 4-7 foi escrito em um contexto de grande desigualdade social e opressão política.
- A Presença Romana:
- A Judeia estava sob domínio do Império Romano, e os judeus pagavam impostos pesados a Roma.
- Havia ressentimento contra os coletores de impostos (como o próprio Mateus), que eram vistos como traidores.
- Os Grupos Religiosos da Época:
- Fariseus: Eram líderes religiosos rigorosos na observância da Lei, mas muitas vezes hipócritas (Mateus 6:1-5).
- Saduceus: Sacerdotes influentes que rejeitavam a ressurreição dos mortos.
- Zelotes: Um grupo radical que queria expulsar os romanos por meio da guerra.
- Essênios: Um grupo isolado que se retirou para o deserto, esperando a vinda do Messias.
- A Vida Cotidiana:
- A maioria das pessoas era camponesa, pescadora ou artesã e vivia sob condições econômicas difíceis.
- A expectativa de um Messias libertador era muito forte, pois os judeus ansiavam pela restauração de Israel.
- Curiosidade: O chamado dos primeiros discípulos (Mateus 4:18-22) mostra como Jesus não escolheu líderes religiosos ou poderosos, mas pescadores simples para transformar o mundo.
A Estrutura Literária de Mateus 4–7
O evangelho de Mateus é cuidadosamente estruturado em cinco grandes discursos de Jesus, refletindo os cinco livros de Moisés (Torá).
Mateus 4–7 contém o primeiro e mais longo discurso: o Sermão do Monte, que se divide em três partes principais:
- Mateus 4 – O Chamado e o Ministério Inicial: Jesus vence a tentação no deserto e começa a pregar o Reino de Deus.
- Mateus 5 – As Bem-Aventuranças e a Nova Justiça: Jesus redefine a verdadeira felicidade e a verdadeira obediência.
- Mateus 6–7 – A Vida Piedosa e a Sabedoria Prática: Jesus ensina sobre oração, confiança em Deus e a obediência como base firme.
- Curiosidade: O Sermão do Monte é considerado um dos maiores ensinamentos éticos da história, influenciando até líderes como Gandhi e Martin Luther King Jr.
Outras Curiosidades Relevantes
- A Simbologia do Monte no Sermão do Monte:
- Assim como Moisés recebeu a Lei no Monte Sinai, Jesus ensina a Nova Lei em um monte. Isso mostra que Ele é o novo e maior Moisés (Mateus 5:1).
- Os Três Testes no Deserto:
- Jesus foi tentado pelo diabo em três áreas fundamentais:
- Desejo da carne (Mateus 4:3) – “Transforma estas pedras em pão.”
- Orgulho da vida (Mateus 4:6) – “Lança-te do templo e prova que és o Filho de Deus.”
- Desejo pelos reinos do mundo (Mateus 4:9) – “Adora-me e te darei tudo.”
- Esses testes ecoam a tentação de Adão e Eva no Éden e a provação de Israel no deserto, mas Jesus resiste e vence!
- Jesus foi tentado pelo diabo em três áreas fundamentais:
- A Oração do Pai Nosso e a Estrutura Judaica:
- A oração ensinada por Jesus (Mateus 6:9-13) segue o modelo das orações judaicas, mas com uma diferença radical: chama Deus de Pai, enfatizando um relacionamento íntimo e não apenas religioso.
- Porta Estreita e Caminho Largo (Mateus 7:13-14):
- Nos tempos de Jesus, as cidades tinham portões largos, onde os ricos e poderosos passavam com suas carruagens, e portas estreitas, por onde passavam apenas pedestres.
- Jesus usa essa imagem para dizer que seguir a Deus exige humildade e entrega.
- Construir na Rocha (Mateus 7:24-27):
- Os ouvintes de Jesus entenderiam essa metáfora porque a região da Palestina tinha muitas casas construídas na areia, que desmoronavam nas chuvas.
- Jesus ensina que a verdadeira fé precisa de fundamentos sólidos na obediência à Sua Palavra.
Exegese e Hermenêutica dos Versículos-Chave
1. “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4:4)
Este versículo é a resposta de Jesus à primeira tentação no deserto, onde Satanás o incita a transformar pedras em pão. A citação vem de Deuteronômio 8:3, onde Moisés recorda como Deus sustentou Israel no deserto com o maná, ensinando-os a depender não apenas do alimento físico, mas da palavra de Deus.
A palavra grega para “palavra” aqui é rhēma (ῥῆμα), que se refere a uma palavra falada ou um comando direto de Deus. Isso difere de logos (λόγος), que denota a palavra como um princípio eterno e abrangente (João 1:1). Jesus afirma que a verdadeira vida vem da dependência total da revelação divina, e não apenas da satisfação física.
A aplicação hermenêutica deste versículo reforça a necessidade de confiar em Deus em tempos de escassez e provação. Em João 6:35, Jesus declara: “Eu sou o pão da vida”, mostrando que Ele mesmo é o suprimento espiritual definitivo. Assim como Israel dependia do maná no deserto, os crentes devem depender da Palavra viva de Deus para sustento espiritual.
2. “Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mateus 4:7)
Jesus responde a Satanás com uma citação direta de Deuteronômio 6:16, onde Moisés adverte Israel a não testar Deus como fizeram em Massá, exigindo provas de Sua presença (Êxodo 17:2-7). Aqui, o verbo grego para “tentar” é ekpeirazō (ἐκπειράζω), que significa testar até o limite, com a intenção de forçar uma resposta divina.
A estrutura gramatical sugere um mandamento absoluto: não é papel do homem exigir provas de Deus. A Bíblia mostra que a verdadeira fé confia sem necessidade de sinais (João 20:29). Em contraste, os fariseus constantemente pediam sinais para validar a messianidade de Jesus (Mateus 12:38-39), demonstrando incredulidade.
A exegese do versículo também aponta para a obediência de Jesus em contraste com Israel. Enquanto os israelitas duvidaram da provisão divina, Jesus confia plenamente no Pai sem exigir provas. Essa lição se aplica diretamente ao cristão moderno: devemos confiar em Deus sem colocar condições ou ultimatos.
3. “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” (Mateus 4:17)
Este versículo marca o início da pregação pública de Jesus, ecoando a mensagem de João Batista (Mateus 3:2). A palavra grega para “arrependei-vos” é metanoeō (μετανοέω), que significa uma mudança completa de mente e direção, não apenas um remorso superficial.
O termo “Reino dos céus” é exclusivo do Evangelho de Mateus, enquanto os outros evangelhos usam “Reino de Deus”. Isso ocorre porque Mateus, escrevendo para judeus, evita o uso direto do nome de Deus por reverência. Esse Reino não é meramente político ou terreno, mas a soberania ativa de Deus sobre aqueles que se submetem a Ele.
Esse chamado ao arrependimento se liga à profecia de Isaías 40:3, que fala sobre preparar o caminho do Senhor. Em Atos 2:38, Pedro continua essa exortação no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados”.
O arrependimento é, portanto, o primeiro passo para entrar no Reino e experimentar sua plenitude.
4. “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4:19)
Este chamado de Jesus a Pedro e André ocorre no contexto de sua vida como pescadores no mar da Galileia. A expressão grega deute opisō mou (Δεῦτε ὀπίσω μου) traduzida como “vinde após mim” era uma fórmula rabínica de discipulado, indicando seguir um mestre e adotar seu ensino e estilo de vida.
A metáfora “pescadores de homens” sugere a missão de trazer pessoas ao Reino de Deus. A pesca, na cultura judaica, simbolizava julgamento e redenção (Jeremias 16:16; Ezequiel 29:4-5). O papel dos discípulos, então, seria “lançar a rede” do evangelho para salvar almas, como ilustrado em Lucas 5:10, quando Jesus reforça esse chamado.
Esse versículo destaca a iniciativa de Deus no chamado: Ele faz dos discípulos pescadores de homens. Isso se conecta a João 15:16, onde Jesus declara: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi”. O chamado ao discipulado não é baseado em habilidades humanas, mas na capacitação divina.
5. “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino.” (Mateus 4:23)
Este versículo resume o ministério inicial de Jesus, destacando três aspectos principais: ensino, pregação e cura. A palavra grega para “ensinar” (didaskō, διδάσκω) enfatiza instrução contínua, enquanto “pregar” (kēryssō, κηρύσσω) se refere ao anúncio público de uma mensagem.
A expressão “evangelho do Reino” (euangelion tēs basileias, εὐαγγέλιον τῆς βασιλείας) aponta para as boas novas da chegada do domínio de Deus sobre o mundo. Essa mensagem se conecta a Isaías 61:1, onde o Messias é descrito como aquele que prega boas-novas aos pobres.
O fato de Jesus percorrer toda a Galileia é significativo porque essa região era uma mistura de judeus e gentios, cumprindo a profecia de Isaías 9:1-2: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”. O evangelho não era apenas para os religiosos em Jerusalém, mas para todos, especialmente os marginalizados.
6. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” (Mateus 5:6)
Este versículo faz parte das Bem-Aventuranças, que introduzem o Sermão do Monte (Mateus 5:3-12). A palavra grega para “bem-aventurados” é makarios (μακάριος), que significa “felizes”, mas no sentido mais profundo de uma alegria advinda de Deus, e não de circunstâncias externas.
A fome e sede são metáforas que indicam um desejo intenso e contínuo. A palavra grega para “justiça” é dikaiosynē (δικαιοσύνη), que abrange não apenas a retidão moral, mas também a conformidade com a vontade de Deus (Romanos 3:21-22). Aqueles que buscam essa justiça não apenas querem ser retos, mas anseiam pela restauração da justiça divina no mundo (Salmo 42:1-2).
O cumprimento desta promessa ocorre em Cristo, pois Ele mesmo é a nossa justiça (1 Coríntios 1:30). Em João 6:35, Jesus declara: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”, mostrando que a justiça verdadeira e a satisfação plena só podem ser encontradas nEle.
7. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” (Mateus 5:14)
Jesus usa a metáfora da luz para descrever o papel do discípulo no mundo. A palavra grega para “luz” é phōs (φῶς), que denota não apenas iluminação física, mas conhecimento divino e revelação espiritual (João 8:12). O mundo, descrito na Bíblia como em trevas (João 1:5), precisa da luz de Cristo refletida através dos crentes.
A referência à cidade edificada sobre um monte pode aludir a Jerusalém, situada sobre o monte Sião, ou a cidades estrategicamente construídas em colinas para visibilidade. No contexto espiritual, isso indica que os discípulos devem ser visíveis e influentes na sociedade, sem esconder sua fé.
Essa metáfora tem um paralelo direto com Isaías 60:1: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti.” A missão dos crentes é refletir a luz de Cristo, conduzindo outros à verdade (Filipenses 2:15). Assim como uma cidade no alto é impossível de esconder, um cristão autêntico não pode viver no anonimato espiritual.
8. “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.” (Mateus 5:17)
Esta declaração de Jesus responde à possível acusação de que Ele estaria anulando a Lei mosaica. A palavra grega para “destruir” é kataluō (καταλύω), que significa demolir completamente ou abolir. Em contraste, “cumprir” vem de plēroō (πληρόω), que significa completar plenamente, trazer à realização.
Jesus não rejeita o Antigo Testamento, mas o leva à sua plenitude. A Lei e os Profetas apontavam para Ele (Lucas 24:27, Romanos 10:4). O sistema sacrificial, por exemplo, encontra seu cumprimento no sacrifício de Cristo (Hebreus 10:1-10).
Paulo confirma essa verdade em Romanos 3:31, declarando que a fé em Cristo não anula a Lei, mas a estabelece. A justiça exigida pela Lei é cumprida em nós quando andamos no Espírito (Romanos 8:4).
Assim, este versículo revela que Jesus não é um reformador religioso que descarta o passado, mas o Messias que o concretiza em Sua própria vida e obra.
9. “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” (Mateus 5:44)
Este mandamento de Jesus é radical e contraria a mentalidade predominante do judaísmo da época, que permitia o ódio aos inimigos, interpretando mal Levítico 19:18. A palavra grega para “amor” aqui é agapaō (ἀγαπάω), referindo-se a um amor sacrificial e incondicional, que busca o bem do outro, mesmo à custa própria.
A ideia de orar pelos inimigos reflete o coração de Deus, que deseja que todos se arrependam (Ezequiel 33:11, 1 Timóteo 2:1-4). Jesus exemplificou isso ao orar na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Este ensinamento se alinha à promessa de Deus de transformar corações (Ezequiel 36:26) e ecoa Romanos 12:20-21: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber”. O amor pelos inimigos não é fraqueza, mas a força divina manifestada no crente, provando que ele pertence ao Reino de Deus.
10. “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:48)
Este versículo encerra a seção sobre a justiça superior do Reino de Deus. A palavra grega para “perfeito” é teleios (τέλειος), que significa completo, maduro, plenamente desenvolvido. Isso não implica impecabilidade absoluta, mas sim um caráter semelhante ao de Deus, refletindo Sua santidade e amor.
No contexto imediato, Jesus está ensinando sobre o amor perfeito, que inclui amar até os inimigos (Mateus 5:44). Esse chamado à perfeição não é uma exigência impossível, mas um objetivo a ser buscado com a ajuda do Espírito Santo (Filipenses 3:12-14).
O padrão divino para a santidade é estabelecido em Levítico 19:2: “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” Pedro reforça essa exortação em 1 Pedro 1:15-16, dizendo que os crentes devem ser santos em toda a sua maneira de viver.
No aspecto escatológico, essa perfeição se concretizará na glorificação dos santos (1 João 3:2), quando seremos plenamente conformados à imagem de Cristo (Romanos 8:29). Assim, este versículo não é um chamado à perfeição humana, mas à plena maturidade espiritual em Deus.
11. “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (Mateus 6:6)
Este versículo faz parte do ensino de Jesus sobre a oração, em contraste com os hipócritas que oravam publicamente para serem vistos pelos homens (Mateus 6:5).
A palavra grega para “quarto” é tameion (ταμεῖον), que significa um aposento interno, uma câmara secreta, um depósito. Na cultura judaica, muitas casas tinham um quarto interno sem janelas, um lugar de intimidade.
O ensino aqui não significa que a oração pública seja errada (pois Jesus orava publicamente, João 11:41-42), mas enfatiza que a verdadeira comunhão com Deus ocorre na sinceridade e na privacidade do coração. O termo “fechando a tua porta” indica exclusividade e foco – afastar distrações para estar plenamente presente diante de Deus.
Esse princípio está alinhado com Salmo 91:1: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” A oração não é uma performance, mas um relacionamento genuíno com o Pai, que vê e responde no secreto.
12. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9)
Jesus ensina o modelo de oração, conhecido como Pai Nosso. A expressão “Pai nosso” revela a intimidade e o relacionamento familiar com Deus, algo revolucionário para os judeus, que geralmente se referiam a Deus com títulos mais formais (Adonai, Elohim).
O termo grego para “Pai” é Patēr (πατήρ), que enfatiza a paternidade amorosa de Deus, ecoando Romanos 8:15: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.”
A frase “que estás nos céus” lembra a transcendência e soberania de Deus, enquanto “santificado seja o teu nome” aponta para a santidade divina (hagiazō, ἁγιάζω – “separado, consagrado”). O nome de Deus deve ser reverenciado e exaltado, conforme Êxodo 20:7.
A estrutura da oração modela prioridades: primeiro Deus e Sua glória, depois as nossas necessidades. O ensino de Jesus reforça que a oração não é um meio de manipulação, mas um caminho de submissão e adoração.
13. “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:21)
Jesus ensina sobre a relação entre riqueza e devoção. A palavra grega para “tesouro” é thēsauros (θησαυρός), que não se refere apenas a bens materiais, mas tudo o que tem valor supremo para alguém.
A Bíblia frequentemente alerta contra a confiança nas riquezas (Provérbios 11:28, 1 Timóteo 6:9-10). O problema não está na posse de bens, mas no apego a eles. A ideia aqui é que nossos desejos e prioridades revelam onde está nosso coração.
Essa verdade ecoa Colossenses 3:2: “Pensai nas coisas lá do alto, e não nas que são da terra.” A ênfase é que o coração segue aquilo que consideramos valioso. Se o nosso tesouro está em Deus e Seu Reino, nosso coração estará alinhado com a eternidade.
14. “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)
Este versículo é o clímax do ensino de Jesus sobre a ansiedade e a provisão divina (Mateus 6:25-34). O verbo grego para “buscar” (zēteō, ζητέω) implica um esforço contínuo e diligente. O Reino de Deus (basileia tou Theou, βασιλεία τοῦ Θεοῦ) refere-se ao governo de Deus sobre nossas vidas, onde Sua vontade é suprema.
A “justiça” (dikaiosynē, δικαιοσύνη) mencionada aqui não é apenas um comportamento ético, mas a justiça de Deus aplicada à vida do crente. Essa busca deve ser prioritária – antes de preocupações materiais, relacionamentos ou ambições pessoais.
A promessa “todas estas coisas vos serão acrescentadas” ecoa Salmo 37:25: “Nunca vi desamparado o justo, nem sua descendência a mendigar o pão.” Deus proverá tudo o que for necessário para aqueles que vivem para Sua glória.
15. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (Mateus 6:34)
Jesus encerra seu ensino sobre a ansiedade com um chamado à confiança diária. A palavra grega para “inquietar” é merimnaō (μεριμνάω), que significa estar excessivamente preocupado, dividido entre múltiplas preocupações. Essa mesma palavra é usada em Filipenses 4:6: “Não estejais ansiosos por coisa alguma.”
Jesus não ensina irresponsabilidade ou falta de planejamento, mas uma postura de descanso na provisão divina. O “dia de amanhã” simboliza o desconhecido, algo que só Deus controla (Provérbios 27:1).
Este versículo ressoa com Lamentações 3:22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos… renovam-se cada manhã.” A solução para a ansiedade não é ignorar os desafios da vida, mas confiar que Deus nos sustentará diariamente.
16. “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mateus 7:1)
Este versículo é frequentemente citado fora de contexto para argumentar contra qualquer tipo de julgamento.
No entanto, a palavra grega para “julgar” é krinō (κρίνω), que pode significar avaliar, discernir ou condenar. Jesus não está proibindo todo julgamento, pois em João 7:24, Ele ensina: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”
O contexto (Mateus 7:2-5) revela que Jesus condena o julgamento hipócrita e injusto – aquele que ignora as próprias falhas enquanto aponta as dos outros. Ele usa a metáfora da trave no olho (Mateus 7:3-5), indicando que o autoexame deve preceder qualquer correção ao próximo.
Isso se alinha com Romanos 2:1, onde Paulo adverte contra julgar os outros enquanto se pratica o mesmo pecado. A verdadeira justiça requer humildade, discernimento e graça, refletindo o caráter de Deus (Tiago 2:13).
17. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (Mateus 7:7)
Este versículo destaca a persistência na oração. Os verbos gregos aiteō (αἰτέω – “pedir”), zēteō (ζητέω – “buscar”) e krouō (κρούω – “bater”) estão no tempo presente contínuo, sugerindo ação contínua: “Continuem pedindo, continuem buscando, continuem batendo.”
Jesus ensina que Deus responde à oração persistente, como ilustrado na parábola do juiz iníquo (Lucas 18:1-8). O conceito de buscar e bater remete a Jeremias 29:13: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.”
Esse ensino enfatiza que a oração eficaz requer perseverança e fé (Tiago 1:6-7). Contudo, não significa que Deus concederá qualquer desejo humano, mas aquilo que está de acordo com Sua vontade e Reino (1 João 5:14).
18. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição.” (Mateus 7:13)
Jesus usa a metáfora da porta para contrastar dois caminhos: um fácil e popular, que leva à destruição, e outro difícil e impopular, que conduz à vida eterna. A palavra grega para “estreita” é stenos (στενός), que significa apertado, restrito, exigente.
A “porta larga” representa o caminho do pecado e da autossuficiência, enquanto a “porta estreita” simboliza Cristo e a submissão ao Reino de Deus (João 10:9). Esse ensino ecoa Deuteronômio 30:19, onde Deus coloca diante de Israel a escolha entre a vida e a morte.
Poucos encontram o caminho da vida porque ele exige arrependimento, fé e obediência (Lucas 13:24). A decisão de seguir Cristo envolve renúncia ao ego e dependência total de Deus (Mateus 16:24-25).
19. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus.” (Mateus 7:21)
Este versículo é um dos mais impactantes do Sermão do Monte. A repetição de “Senhor, Senhor” enfatiza intensidade e aparente devoção. No entanto, Jesus alerta que chamá-lo de Senhor não é suficiente – é necessário fazer a vontade do Pai.
A palavra grega para “Senhor” é Kyrios (Κύριος), título que indica autoridade e soberania. Muitos professam Jesus com os lábios, mas não demonstram verdadeira obediência (Lucas 6:46). Isso reflete a advertência de Isaías 29:13: “Este povo se aproxima de mim com sua boca, mas seu coração está longe de mim.”
O contexto (Mateus 7:22-23) revela que até aqueles que fazem milagres podem ser rejeitados, pois não têm um relacionamento genuíno com Cristo. A chave para entrar no Reino não é a religiosidade, mas a obediência à vontade de Deus (1 João 2:17).
20. “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (Mateus 7:24)
Jesus conclui o Sermão do Monte com a parábola dos dois fundamentos. O verbo grego para “ouve” é akouō (ἀκούω), indicando escuta atenta, enquanto “pratica” (poieō, ποιέω) implica ação contínua e deliberada.
A “casa” representa a vida de cada pessoa. Construí-la sobre a “rocha” (petra, πέτρα) simboliza fundamentar-se na verdade e obediência a Cristo. Isso contrasta com a “areia” (ammos, ἄμμος), que representa uma vida sem compromisso com a Palavra de Deus.
Essa imagem ecoa Salmo 18:2: “O Senhor é a minha rocha e o meu refúgio.” Paulo reforça essa verdade em 1 Coríntios 3:11, declarando que Cristo é o único fundamento seguro. Quando as “chuvas e ventos” da vida chegam, apenas aqueles alicerçados nEle permanecerão firmes.
Termos-Chave
Mateus 4–7 contém palavras e expressões ricas em significado, algumas das quais podem ser desafiadoras para o leitor moderno.
Abaixo estão explicações de termos-chave que ajudam a entender o texto em maior profundidade.
Hipócrita (ὑποκριτής – hypokritēs)
- Significado: Aquele que finge ser algo que não é; um ator.
- Explicação: No contexto bíblico, Jesus usa essa palavra para descrever os fariseus e escribas que praticavam uma religiosidade exterior, mas sem sinceridade no coração (Mateus 6:2, 6:5, 6:16). O termo grego hypokritēs era originalmente usado no teatro grego para designar atores que usavam máscaras para representar diferentes personagens. A hipocrisia denunciada por Jesus não se refere a simples erros humanos, mas a uma vida de falsidade, onde as pessoas buscam o reconhecimento dos outros em vez da aprovação de Deus (Mateus 23:27-28). Em Lucas 12:1, Jesus alerta: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.”
Misericórdia (ἔλεος – eleos)
- Significado: Compaixão ativa por aqueles que sofrem.
- Explicação: Em Mateus 5:7, Jesus declara: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” A palavra grega eleos significa bondade demonstrada em ação, indo além do sentimento de piedade. No Antigo Testamento, a palavra hebraica equivalente é chesed (חֶסֶד), que se refere ao amor fiel e à graça imerecida de Deus (Salmo 136). A misericórdia é um atributo central de Deus (Êxodo 34:6) e deve ser refletida em Seus seguidores (Miquéias 6:8, Lucas 6:36).
Geena (γέεννα – Geenna)
- Significado: Lugar de punição final, inferno.
- Explicação: Em Mateus 5:22, Jesus menciona a “Geena do fogo” como destino daqueles que vivem em pecado sem arrependimento. A palavra Geenna deriva do hebraico Gehinnom (גֵּיא בֶן־הִנֹּם), que se referia ao Vale de Hinom, um local fora de Jerusalém onde o lixo era queimado continuamente. No período do Antigo Testamento, esse vale foi associado a sacrifícios humanos a Moloque (2 Crônicas 28:3, Jeremias 7:31). Com o tempo, tornou-se um símbolo da condenação eterna (Marcos 9:43-48, Apocalipse 20:14-15).
Mamom (μαμμωνᾶς – mamōnas)
- Significado: Riqueza ou dinheiro personificado como um ídolo.
- Explicação: Em Mateus 6:24, Jesus ensina: “Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e a Mamom.” O termo mamōnas vem do aramaico māmōn, que significa riqueza ou bens materiais. No contexto judaico, Mamom não era apenas dinheiro, mas um símbolo da confiança nas riquezas em oposição à confiança em Deus (Lucas 16:13). Paulo reforça essa advertência em 1 Timóteo 6:10: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.”
Olho Bom / Olho Mau (ὀφθαλμός ἁπλοῦς – ophthalmos haplous / ὀφθαλμός πονηρός – ophthalmos ponēros)
- Significado: Visão generosa e visão egoísta.
- Explicação: Em Mateus 6:22-23, Jesus declara que “se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.” A expressão “olho bom” (ophthalmos haplous) era uma figura de linguagem hebraica para generosidade, enquanto “olho mau” (ophthalmos ponēros) significava avareza e egoísmo (Provérbios 22:9). Esse ensino reforça a ideia de que a maneira como lidamos com os bens materiais reflete nossa saúde espiritual. Se nosso coração é generoso, vivemos na luz; se somos egoístas, permanecemos na escuridão.
Cães e Porcos (κύων – kyōn / χοίρος – choiros)
- Significado: Pessoas que desprezam a verdade e a santidade.
- Explicação: Em Mateus 7:6, Jesus adverte: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas.” Na cultura judaica, cães e porcos eram animais impuros (Levítico 11:7, Filipenses 3:2). Os “cães” e “porcos” representam pessoas que desprezam a Palavra de Deus e podem reagir com hostilidade (Provérbios 9:7-8). Isso não significa que os cristãos devem negar o evangelho a certos grupos, mas que devem discernir quando uma mensagem não será recebida (Atos 13:44-51).
Falso Profeta (ψευδοπροφήτης – pseudoprophētēs)
- Significado: Alguém que distorce a verdade e engana as pessoas.
- Explicação: Em Mateus 7:15, Jesus alerta: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.” O termo grego pseudoprophētēs significa alguém que finge falar em nome de Deus, mas ensina falsidades. No Antigo Testamento, os falsos profetas eram condenados por falar sem a direção de Deus (Jeremias 23:16). No Novo Testamento, Pedro adverte que eles explorarão o povo com palavras falsas (2 Pedro 2:1-3). O teste para identificar um falso profeta é seus frutos – ou seja, seu caráter e ensinamentos (Mateus 7:16-20, 1 João 4:1-3).
Casa sobre a Rocha (πέτρα – petra)
- Significado: Um alicerce firme e inabalável.
- Explicação: Em Mateus 7:24-27, Jesus compara aquele que ouve e pratica Suas palavras a um homem que constrói sobre a petra (rocha). O contraste é feito com a areia (ammos), que representa um alicerce instável. A “rocha” simboliza Cristo e Sua Palavra (1 Coríntios 3:11). No Antigo Testamento, Deus é frequentemente chamado de “Rocha” (Salmo 18:2, Deuteronômio 32:4). Edificar sobre a rocha significa viver pela verdade de Cristo, enquanto construir sobre a areia significa confiar na própria sabedoria.
Profundidade
Doutrinas-Chave em Mateus 4–7
Os capítulos de Mateus 4 a 7 apresentam ensinamentos fundamentais para a teologia cristã, abordando a identidade de Cristo, o Reino de Deus, a natureza da justiça, a ética do Reino e o discipulado verdadeiro.
Esses textos não são apenas narrativas históricas e éticas, mas também revelam doutrinas essenciais que moldam a fé cristã, fornecendo base para a teologia da salvação, da santificação e da vida no Reino de Deus.
Doutrina da Tentação e da Obediência Perfeita de Cristo
- Base Bíblica: Mateus 4:1-11 – “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
- Perspectiva Teológica: A tentação de Cristo demonstra Sua humanidade verdadeira e Sua obediência perfeita. Diferente de Adão, que cedeu à tentação no Éden (Gênesis 3), Jesus resiste ao diabo, vencendo onde o primeiro homem falhou. A palavra grega para “tentado” (peirazō, πειράζω) significa tanto testar quanto tentar. Isso indica que, enquanto o diabo tentou Jesus para o mal, Deus usou esse momento para demonstrar Sua retidão. Essa doutrina é fundamental para a Cristologia, pois Cristo precisava ser um Salvador sem pecado (Hebreus 4:15). Além disso, Sua vitória sobre a tentação prova Sua qualificação como o segundo Adão, cumprindo Romanos 5:19: “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.”
Doutrina do Reino de Deus
- Base Bíblica: Mateus 4:17 – “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.”
- Perspectiva Teológica: O Reino de Deus (Basileia tou Theou, βασιλεία τοῦ Θεοῦ) é um dos conceitos centrais no ensino de Jesus. Ele não se refere a um reino geopolítico, mas ao governo divino sobre aqueles que se submetem a Cristo. O Reino é apresentado como já presente, mas ainda não consumado (“já e ainda não”). Em Mateus 12:28, Jesus afirma que o Reino já havia chegado através de Seu ministério, mas em Mateus 25:31-34, Ele ensina sobre a futura consumação do Reino na glória. Essa doutrina tem implicações escatológicas e éticas:
- Escatológicas: O Reino já está em ação, mas será plenamente estabelecido na segunda vinda de Cristo.
- Éticas: Os cidadãos do Reino são chamados a viver segundo os valores do Sermão do Monte (Mateus 5–7).
Doutrina da Justiça Superior
- Base Bíblica: Mateus 5:20 – “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”
- Perspectiva Teológica: Jesus estabelece uma justiça que não é apenas externa, mas interna e transformadora. A palavra grega para “justiça” (dikaiosynē, δικαιοσύνη) significa retidão moral e conformidade com a vontade de Deus. Os fariseus seguiam a Lei de forma legalista, mas Jesus ensina que a verdadeira justiça vem de um coração regenerado. Isso está alinhado com Jeremias 31:33, que profetiza a nova aliança, onde a Lei seria escrita no coração. Em Romanos 3:21-22, Paulo explica que essa justiça superior vem pela fé em Cristo, e não pela obediência externa à Lei mosaica. Assim, Mateus 5:20 não ensina salvação pelas obras, mas a necessidade de uma justiça imputada por Cristo e manifesta na vida transformada pelo Espírito Santo.
Doutrina da Paternidade de Deus
- Base Bíblica: Mateus 6:9 – “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.”
- Perspectiva Teológica: No ensino do Pai Nosso, Jesus revela a intimidade do relacionamento com Deus. A palavra grega para “Pai” (Patēr, πατήρ) enfatiza a proximidade e o amor paternal de Deus, algo inovador para a mentalidade judaica da época, que via Deus mais como Criador e Juiz. Essa doutrina é reforçada em Romanos 8:15, onde Paulo escreve: “Recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” A adoção divina significa que os crentes não são apenas servos de Deus, mas filhos amados e herdeiros com Cristo (Gálatas 4:6-7). Essa perspectiva altera a forma como os cristãos se relacionam com Deus: não com medo servil, mas com confiança filial (Hebreus 4:16).
Doutrina da Providência de Deus
- Base Bíblica: Mateus 6:33 – “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
- Perspectiva Teológica: Este versículo ensina a dependência de Deus em todas as áreas da vida. A palavra grega para “buscar” (zēteō, ζητέω) implica um esforço contínuo e prioritário. A doutrina da providência ensina que Deus sustenta e governa todas as coisas, cuidando dos Seus filhos (Filipenses 4:19). Jesus argumenta que, assim como Deus provê para as aves e os lírios (Mateus 6:25-30), Ele cuidará daqueles que O buscam primeiro. Isso está alinhado com Provérbios 3:5-6, que ensina a confiar no Senhor e não depender do próprio entendimento. A providência divina não é uma promessa de riqueza, mas de cuidado fiel segundo a vontade de Deus.
Doutrina da Autoridade de Cristo
- Base Bíblica: Mateus 7:28-29 – “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.”
- Perspectiva Teológica: Diferente dos rabinos, que citavam tradições, Jesus ensinava com autoridade direta. A palavra grega para “autoridade” (exousia, ἐξουσία) denota poder legítimo e soberano. Esse ensino aponta para a divindade de Cristo, pois Ele não apenas interpretava a Lei – Ele a cumpria e a reinterpretava com autoridade divina (Mateus 5:21-22). Em Mateus 28:18, Ele declara: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”, confirmando Sua soberania. Essa doutrina estabelece que a Palavra de Cristo tem autoridade final sobre a vida e a fé dos crentes, como reafirmado em Colossenses 1:16-17, onde Ele é descrito como aquele que sustenta todas as coisas.
Bênçãos e Promessas em Mateus 4–7
Mateus 4–7 contém preciosas bênçãos e promessas de Deus para aqueles que seguem a Cristo e vivem segundo os princípios do Reino.
Essas promessas não são meros incentivos, mas expressões do caráter de Deus e de Seu desejo de abençoar aqueles que vivem em obediência e fé. Muitas delas seguem um padrão condicional: “Se… então…”, revelando que a participação na bênção divina está ligada à resposta humana.
A Bênção da Consolação e Justiça (Mateus 5:3-10 – As Bem-Aventuranças)
- Texto: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados… Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”
- Bênção: Consolação divina, satisfação espiritual, misericórdia, visão de Deus e filiação celestial.
- Condição: As bem-aventuranças descrevem o caráter do verdadeiro discípulo e a promessa de recompensa divina. Se formos humildes, misericordiosos, pacificadores e famintos pela justiça, então seremos abençoados por Deus. Essas promessas encontram eco em Salmo 34:18: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado.” A verdadeira felicidade vem da vida em conformidade com o caráter de Deus, não das circunstâncias externas.
A Promessa de Recompensa Celestial (Mateus 5:11-12)
- Texto: “Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem… exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus.”
- Bênção: Recompensa celestial e participação no Reino de Deus.
- Condição: A promessa de recompensa está ligada à perseverança na fé mesmo em meio à perseguição. Se formos fiéis diante da oposição, então Deus nos recompensará eternamente. Essa promessa reflete 2 Timóteo 2:12: “Se sofrermos, também com Ele reinaremos.” A perseguição não é um sinal de derrota, mas de fidelidade ao chamado de Cristo.
A Bênção da Proteção e Provisão Divina (Mateus 6:25-33)
- Texto: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
- Bênção: Sustento e provisão divina em todas as necessidades.
- Condição: A promessa é condicional: Se buscarmos primeiro o Reino e a justiça de Deus, então Ele suprirá todas as nossas necessidades. Esse princípio se alinha com Filipenses 4:19: “O meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as Suas riquezas em glória.” O chamado é para priorizar o Reino sobre preocupações terrenas, confiando que Deus cuida dos Seus filhos.
A Promessa de Respostas à Oração (Mateus 7:7-8)
- Texto: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”
- Bênção: Acesso à presença de Deus e respostas às orações.
- Condição: A promessa está vinculada à persistência na oração. Se pedirmos, buscarmos e batermos continuamente, então Deus responderá no tempo certo. Essa promessa reflete Jeremias 33:3: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” O chamado à oração é uma expressão de dependência e fé.
A Bênção do Caminho que Conduz à Vida (Mateus 7:13-14)
- Texto: “Entrai pela porta estreita… porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”
- Bênção: Vida eterna no Reino de Deus.
- Condição: A entrada na vida eterna exige uma escolha deliberada e comprometida. Se escolhermos o caminho estreito, então encontraremos a verdadeira vida. Essa verdade se alinha com João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” O caminho de Cristo é exigente, mas leva à vida abundante e eterna.
A Promessa de Segurança Espiritual (Mateus 7:24-25)
- Texto: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”
- Bênção: Estabilidade e segurança espiritual diante das adversidades.
- Condição: Se ouvirmos e obedecermos à Palavra de Deus, então nossa vida será inabalável diante das tempestades. Essa promessa ecoa Salmo 125:1: “Os que confiam no Senhor serão como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” A obediência à Palavra de Deus é o único alicerce seguro para a vida cristã.
Desafios Atuais para os Mandamentos de Mateus 4–7
Mateus 4–7 contém mandamentos fundamentais de Jesus, que definem os valores e princípios do Reino de Deus.
No entanto, viver de acordo com esses mandamentos em um mundo moderno apresenta grandes desafios, pois muitas das atitudes e filosofias contemporâneas são contrárias aos ensinamentos de Cristo.
Aqui exploramos os principais mandamentos encontrados nesses capítulos, os desafios para sua aplicação nos dias de hoje e como podemos enfrentá-los com uma perspectiva teológica.
Mandamento: Resista à Tentação com a Palavra de Deus (Mateus 4:4,7,10)
- Texto: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.”
- Desafios Atuais:
- Relativismo Moral: A cultura pós-moderna ensina que não há verdade absoluta, tornando mais difícil a aplicação da Palavra de Deus como padrão de vida.
- Imediatismo e Materialismo: O desejo por soluções rápidas e gratificação imediata (dinheiro, status, prazer) muitas vezes leva os cristãos a comprometerem sua fé para obter vantagens materiais.
- Influência da Mídia: A quantidade de informações e entretenimento disponíveis pode desviar a atenção da leitura e meditação na Escritura.
- Respostas Teológicas:
- A Bíblia ensina que a Palavra de Deus é o padrão supremo de verdade (João 17:17). O cristão deve renovar sua mente (Romanos 12:2) e praticar o uso da Palavra como Jesus fez no deserto.
- A dependência de Deus deve superar a confiança em recursos materiais, pois Ele é o provedor supremo (Filipenses 4:19).
Mandamento: Viva uma Justiça Maior do que a dos Fariseus (Mateus 5:20)
- Texto: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”
- Desafios Atuais:
- Legalismo e Superficialidade Religiosa: Muitos ainda tentam agradar a Deus através de rituais externos, sem transformação interior.
- Secularização: Em um mundo onde a religião é vista como irrelevante, muitos cristãos têm dificuldade em viver uma justiça distinta e autêntica.
- Hipocrisia e Moralidade Flexível: A sociedade frequentemente rotula os cristãos como hipócritas, e isso pode levar alguns a comprometerem seus valores para evitar julgamentos.
- Respostas Teológicas:
- A justiça exigida por Cristo não é apenas uma conformidade externa à Lei, mas uma transformação do coração (Jeremias 31:33).
- A verdadeira justiça vem pela fé em Cristo e pela ação do Espírito Santo (Romanos 3:21-22).
Mandamento: Ame os Seus Inimigos e Ore por Eles (Mateus 5:44)
- Texto: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
- Desafios Atuais:
- Polarização e Cultura do Cancelamento: A sociedade moderna incentiva divisões ideológicas e culturais, tornando difícil praticar o amor e a reconciliação.
- Justiça Própria: Muitas vezes, os cristãos são tentados a devolver ofensa por ofensa, especialmente nas redes sociais.
- Dor e Traumas Pessoais: O perdão pode ser um grande desafio para aqueles que sofreram injustiças graves.
- Respostas Teológicas:
- O amor aos inimigos não é um sentimento, mas uma decisão baseada na obediência a Deus (Lucas 6:27-28).
- Cristo demonstrou esse amor ao perdoar seus perseguidores na cruz (Lucas 23:34), e Ele nos capacita a fazer o mesmo através do Espírito Santo (Romanos 5:5).
Mandamento: Busque o Reino de Deus Antes de Tudo (Mateus 6:33)
- Texto: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
- Desafios Atuais:
- Ansiedade e Insegurança: A preocupação com finanças, carreira e status pode afastar os cristãos da busca pelo Reino.
- Materialismo e Idolatria do Sucesso: A pressão para alcançar sucesso financeiro e profissional muitas vezes supera o desejo de buscar a vontade de Deus.
- Desigualdade e Sofrimento Social: A luta por sobrevivência em meio à pobreza e dificuldades pode levar algumas pessoas a perderem a fé.
- Respostas Teológicas:
- Jesus ensina que Deus é um Pai que cuida de Seus filhos (Mateus 6:25-32). O cristão deve confiar nEle como provedor.
- Paulo reforça essa ideia em Filipenses 4:6-7, onde ensina que a oração e a gratidão são armas contra a ansiedade.
Mandamento: Não Julgue Hipocritamente (Mateus 7:1-5)
- Texto: “Não julgueis, para que não sejais julgados.”
- Desafios Atuais:
- Extremos de Julgamento e Tolerância Absoluta: Algumas pessoas são excessivamente críticas, enquanto outras evitam corrigir erros por medo de serem acusadas de intolerância.
- Redes Sociais e Cancelamento: O julgamento virtual muitas vezes é impiedoso e desprovido de graça.
- Orgulho Espiritual: Muitos cristãos lutam para enxergar seus próprios pecados antes de corrigirem os outros.
- Respostas Teológicas:
- Jesus não proíbe todo julgamento, mas o julgamento hipócrita. Ele ensina a examinar a si mesmo antes de corrigir o próximo (Mateus 7:3-5).
- A correção deve ser feita em amor e humildade (Gálatas 6:1).
Mandamento: Construa Sua Vida Sobre a Rocha (Mateus 7:24-27)
- Texto: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”
- Desafios Atuais:
- Fé Superficial: Muitos professam fé em Cristo, mas não praticam seus ensinamentos no dia a dia.
- Influência Secular: A cultura moderna promove valores contrários à Palavra de Deus, e muitos cristãos são tentados a comprometer sua fé.
- Crises e Tribulações: As dificuldades da vida testam a verdadeira fundação da fé de cada pessoa.
- Respostas Teológicas:
- A verdadeira fé não é apenas ouvir, mas obedecer a Cristo (Tiago 1:22).
- Jesus é a Rocha inabalável, e somente uma vida fundamentada nEle permanecerá firme (1 Coríntios 3:11).
Desafio, Conclusão e Até Amanhã
Concluímos nossa reflexão de hoje reconhecendo que Mateus 1, 2 e 3 não são apenas registros biográficos do início da vida de Jesus, mas fundamentos do evangelho e chaves para entendermos o cumprimento das promessas de Deus.
Esses capítulos revelam a soberania divina na história, a missão redentora de Cristo e o chamado ao arrependimento e santidade. Vemos Deus protegendo Seu Filho, usando até mesmo perseguições para cumprir Sua vontade, e João Batista preparando o caminho para o Messias.
Diante dessas verdades, o nosso desafio é viver como cidadãos do Reino dos Céus, preparando o nosso coração para Cristo e refletindo Sua glória em um mundo que resiste à verdade.
Abaixo, algumas perguntas finais para motivar sua prática diária:
1. Estou pronto para me submeter à vontade de Deus?
• Assim como José obedeceu sem hesitar (Mateus 1:24), reflita se há algo que Deus está pedindo e você tem resistido.
• Quais mudanças você precisa fazer para viver pela fé e não pelo medo?
2. Tenho reconhecido Jesus como meu Rei?
• Os magos vieram de longe para adorar a Cristo (Mateus 2:2), enquanto os líderes religiosos ignoraram Seu nascimento.
• Como sua vida demonstra que Cristo é sua prioridade suprema?
3. Meu arrependimento tem sido genuíno?
• João Batista chamou o povo a produzir frutos dignos de arrependimento (Mateus 3:8).
• Em quais áreas você precisa buscar transformação real, e não apenas remorso superficial?
4. Como posso preparar o caminho para Jesus na minha vida e na dos outros?
• João Batista preparou o caminho para Cristo (Mateus 3:3).
• Como você pode influenciar sua família, amigos e colegas para que conheçam e experimentem o Reino de Deus?
5. Tenho certeza da minha identidade como filho(a) de Deus?
• No batismo de Jesus, Deus declarou: “Este é o meu Filho amado” (Mateus 3:17).
• Você vive com a segurança de que é amado por Deus, ou tem buscado aprovação em outras fontes?
Que o Espírito Santo o(a) guie nesta caminhada, aprofundando seu entendimento da Palavra, fortalecendo sua fé e moldando sua vida conforme o chamado divino.
Amanhã seguimos para os próximos capítulos, avançando no Evangelho de Mateus e descobrindo ainda mais sobre o ensino e a missão de Cristo.
Precisa de ajuda? Não esqueça de perguntar no Whatsapp.
Fique na paz.
Fábio Picco