Mateus 4, 5, 6 e 7

Explore as verdades espirituais de Mateus 4-7, incluindo o Sermão do Monte e os desafios do discipulado e sobre o Reino de Deus.
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Hoje mergulharemos em Mateus 4, 5, 6 e 7, capítulos essenciais que revelam os fundamentos do Reino de Deus e o chamado radical ao discipulado.

Neles, encontramos a tentação de Jesus no deserto, o Sermão do Monte e os ensinamentos transformadores sobre justiça, oração, confiança e obediência.

Esses textos não são apenas discursos morais ou éticos, mas a revelação do coração de Deus para aqueles que desejam segui-Lo. Eles nos desafiam a viver uma fé autêntica, baseada em um relacionamento profundo com o Pai e na prática concreta dos ensinamentos de Cristo.

Meu desejo é que, ao estudarmos juntos, você experimente um crescimento espiritual sólido e uma compreensão mais profunda do que significa viver como cidadão do Reino de Deus, enfrentando os desafios da vida com uma base inabalável na Palavra.

Prontos para começar? Vamos juntos!

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Superfície

Mateus 4: A Tentação de Jesus e o Início de Seu Ministério

Neste capítulo, Jesus é levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo.

Após jejuar por quarenta dias e quarenta noites, Satanás o desafia em três áreas: necessidades físicas (transformar pedras em pão), identidade e proteção divina (lançar-se do pináculo do templo), e poder e glória (adorar Satanás em troca dos reinos do mundo).

Jesus responde a cada tentação com as Escrituras, mostrando sua fidelidade absoluta ao Pai.

Após a tentação, Jesus inicia seu ministério público, chamando seus primeiros discípulos — Pedro, André, Tiago e João — e pregando o arrependimento, pois “o Reino dos céus está próximo”. Ele também começa a curar enfermos, atraindo multidões.

Versículos-Chave:

  • “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (4:4)
  • “Não tentarás o Senhor teu Deus.” (4:7)
  • “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” (4:17)
  • “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (4:19)
  • “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino.” (4:23)

Promessa: Deus fortalece aqueles que resistem à tentação por meio de Sua Palavra (4:4).

Mandamento: Devemos viver pelo alimento espiritual da Palavra de Deus, não apenas pelo material (4:4).

Aponta para Jesus: Cristo vence a tentação onde Adão falhou, mostrando-se como o novo e perfeito representante da humanidade (Romanos 5:19).

Mateus 5: O Sermão do Monte – As Bem-Aventuranças e o Chamado à Justiça

Neste capítulo, Jesus sobe ao monte e começa um dos discursos mais importantes da Bíblia: o Sermão do Monte.

Ele inicia com as Bem-Aventuranças, declarando felizes aqueles que buscam a justiça, a misericórdia e a pureza de coração. Jesus ensina sobre ser sal da terra e luz do mundo, enfatiza o cumprimento da Lei, e aprofunda os mandamentos de Deus, mostrando que a verdadeira justiça não é apenas externa, mas uma transformação interior.

Ele também trata de temas como a ira, o adultério no coração, o divórcio, os juramentos, o amor aos inimigos e o chamado a ser perfeito como Deus é perfeito.

Versículos-Chave:

  • “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” (5:6)
  • “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” (5:14)
  • “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.” (5:17)
  • “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” (5:44)
  • “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (5:48)

Promessa: Os que buscam a justiça serão saciados (5:6).

Mandamento: Devemos amar até mesmo nossos inimigos (5:44).

Aponta para Jesus: Ele é o cumprimento perfeito da Lei e dos Profetas (5:17).

Mateus 6: A Vida de Oração, a Confiança em Deus e o Reino em Primeiro Lugar

Jesus continua o Sermão do Monte ensinando sobre a prática da justiça, a oração e a confiança em Deus.

Ele nos alerta contra a hipocrisia ao dar esmolas, orar e jejuar, ensinando que devemos buscar a aprovação de Deus, não a dos homens.

Ele apresenta a Oração do Pai Nosso como modelo de comunhão com Deus, abordando perdão, provisão e proteção contra o mal.

Também ensina sobre a busca pelo Reino de Deus em primeiro lugar, chamando-nos a confiar na provisão divina em vez de nos preocuparmos excessivamente com bens materiais.

Versículos-Chave:

  • “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (6:6)
  • “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (6:9)
  • “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (6:21)
  • “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (6:33)
  • “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (6:34)

Promessa: Deus cuida das nossas necessidades quando buscamos Seu Reino primeiro (6:33).

Mandamento: Devemos confiar em Deus em vez de nos preocuparmos excessivamente com o futuro (6:34).

Aponta para Jesus: Ele é o nosso modelo de oração e total dependência do Pai (6:9-13).

Mateus 7: O Juízo Justo, o Caminho Estreito e a Rocha Firme

Jesus conclui o Sermão do Monte falando sobre julgar corretamente, pedindo a Deus com fé, o caminho estreito para a vida, os falsos profetas e a obediência à Palavra.

Ele nos alerta sobre o perigo de praticar apenas uma religiosidade exterior, enfatizando que somente aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no Reino dos céus.

Ele encerra com a parábola dos dois fundamentos: quem ouve e obedece às Suas palavras é como o homem sábio que constrói sua casa sobre a rocha; quem não obedece é como o insensato que a constrói sobre a areia, e sua ruína é grande.

Versículos-Chave:

  • “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (7:1)
  • “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (7:7)
  • “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição.” (7:13)
  • “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus.” (7:21)
  • “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (7:24)

Promessa: Deus responde àqueles que pedem, buscam e batem (7:7).

Mandamento: Devemos construir nossa vida sobre a Palavra de Deus, obedecendo-a (7:24).

Aponta para Jesus: Ele é a rocha firme sobre a qual devemos edificar nossa vida (7:24-25).

O Cuidado e a Proteção de Deus

Deus demonstra um profundo cuidado pelo bem-estar espiritual e emocional do ser humano.

Em Mateus 4-7, Jesus ensina sobre a confiança em Deus, a superação das tentações e a verdadeira paz que vem da comunhão com o Pai. Ele nos orienta a viver livres da ansiedade, do medo e da insegurança, mostrando que Deus deseja nos proteger e fortalecer em todos os aspectos da vida.

Os ensinamentos de Jesus nesses capítulos revelam princípios fundamentais para nossa saúde espiritual e emocional, assegurando-nos que não estamos sozinhos e que Deus cuida de cada detalhe da nossa existência.

Deus é Nossa Fortaleza em Meio às Tentações: Mateus 4:4, Mateus 4:7, Mateus 4:10

Durante sua tentação no deserto, Jesus mostrou que a verdadeira força vem de depender da Palavra de Deus. Ele nos ensina que não precisamos ceder às pressões e às ofertas do mundo para nos sentirmos completos. Quando enfrentamos tentações emocionais, como dúvidas, medos e sentimentos de inferioridade, podemos recorrer à Escritura para encontrar segurança e direção.

Deus Cuida das Nossas Necessidades e Nos Convida a Confiar Nele: Mateus 6:25-26, Mateus 6:31-33

Jesus ensina que não devemos nos preocupar excessivamente com nossas necessidades diárias. Deus cuida dos pássaros e das flores, e quanto mais de nós, Seus filhos! A ansiedade emocional muitas vezes surge da falta de confiança em Deus, mas Ele nos assegura que nossa vida está sob Seu controle e que podemos descansar em Seu cuidado.

Deus Nos Ensina a Perdoar para Ter um Coração Livre: Mateus 6:14-15

A falta de perdão é uma das principais causas de sofrimento emocional. Jesus nos ensina que perdoar é essencial para manter a paz interior e o relacionamento com Deus. O perdão liberta a alma da amargura e nos permite viver uma vida emocionalmente saudável.

Deus Nos Dá Sabedoria para Fazer Escolhas Certas: Mateus 7:13-14, Mateus 7:24-25

Jesus fala sobre o caminho estreito que leva à vida e compara aqueles que ouvem e obedecem às Suas palavras a um homem sábio que constrói sua casa sobre a rocha. Isso nos ensina que, ao seguir os princípios de Deus, encontramos estabilidade emocional e espiritual, mesmo em meio às tempestades da vida.

Deus Está Sempre Pronto para Nos Ajudar Quando Clamamos a Ele: Mateus 7:7-8

Jesus nos encoraja a pedir, buscar e bater, pois Deus sempre responde àqueles que O buscam. Isso nos dá a certeza de que, quando nos sentimos fracos, angustiados ou inseguros, podemos recorrer ao Pai, e Ele nos ouvirá. Sua presença nos fortalece e renova nossas emoções, trazendo paz ao nosso coração.

O Pecado em Mateus 4–7

A Tentação e a Fraqueza Humana

  • Pecado: Em Mateus 4:3-9, Satanás tenta Jesus, apelando para desejos humanos como a fome, o orgulho e o poder. Essa passagem expõe as tentações comuns a todos nós: buscar soluções fora da vontade de Deus (4:3), testar a fidelidade de Deus (4:6) e idolatrar as riquezas e o poder em troca de vantagens pessoais (4:9).
  • Consequências:
    • A queda espiritual e moral ocorre quando cedemos às tentações e confiamos mais em nossas próprias vontades do que em Deus.
    • Afastamento da presença de Deus e da Sua paz, resultando em insatisfação e frustração.
  • Fruto de Arrependimento: Resistir ao diabo com a Palavra de Deus (Efésios 6:17), depender do Senhor em meio às dificuldades (Mateus 4:4) e buscar a verdadeira adoração a Deus em espírito e verdade (Mateus 4:10).

Hipocrisia e Religiosidade Exterior

  • Pecado: Em Mateus 6:1-5 e Mateus 6:16, Jesus denuncia a hipocrisia dos que praticam boas obras para serem vistos pelos homens. A falsa religiosidade visa reconhecimento e louvor humano, em vez de uma devoção sincera a Deus.
  • Consequências:
    • O engano espiritual, onde se acredita que aparência e rituais externos podem substituir um coração transformado.
    • A perda da verdadeira recompensa de Deus, pois aqueles que buscam a glória dos homens já receberam sua recompensa na terra (Mateus 6:2).
  • Fruto de Arrependimento: Servir a Deus em segredo, buscando agradá-Lo em primeiro lugar (Mateus 6:4). Orar, jejuar e dar esmolas com sinceridade e humildade, sem buscar reconhecimento (Mateus 6:6, 6:18).

Ansiedade e Falta de Fé em Deus

  • Pecado: Em Mateus 6:25-34, Jesus ensina sobre a preocupação excessiva com o futuro, que reflete falta de confiança na provisão divina. A ansiedade rouba a paz e leva as pessoas a se sobrecarregarem emocionalmente por aquilo que não podem controlar.
  • Consequências:
    • O medo constante e a insatisfação com a vida, que geram estresse e insegurança.
    • A distração espiritual, pois a preocupação excessiva impede a busca pelo Reino de Deus (Mateus 6:33).
  • Fruto de Arrependimento: Confiar na fidelidade de Deus, sabendo que Ele cuida das nossas necessidades (Mateus 6:26). Substituir a ansiedade pela oração e pela busca constante do Reino de Deus (Filipenses 4:6-7).

Julgamento e Orgulho Espiritual

  • Pecado: Em Mateus 7:1-5, Jesus adverte contra o julgamento hipócrita, onde alguém aponta as falhas dos outros sem enxergar seus próprios erros. Esse comportamento revela um coração orgulhoso e sem misericórdia.
  • Consequências:
    • Relacionamentos prejudicados, pois um espírito crítico e condenador destrói a unidade e a comunhão.
    • Medida recíproca de julgamento, pois aquele que julga também será julgado (Mateus 7:2).
  • Fruto de Arrependimento: Praticar a humildade, reconhecendo as próprias falhas antes de corrigir os outros (Mateus 7:5). Exercitar a graça e o amor no tratamento com as pessoas (Efésios 4:32).

Falsa Segurança Espiritual

  • Pecado: Em Mateus 7:21-23, Jesus alerta sobre aqueles que chamam “Senhor, Senhor”, mas não fazem a vontade de Deus. Isso reflete a falsa segurança espiritual, onde alguém acredita estar no caminho certo sem uma real transformação interior.
  • Consequências:
    • A ilusão espiritual, onde a pessoa pode pensar que suas obras religiosas são suficientes sem um relacionamento genuíno com Deus.
    • A separação eterna de Cristo, pois Ele declara que nunca conheceu aqueles que praticam a iniquidade (Mateus 7:23).
  • Fruto de Arrependimento: Viver não apenas de palavras, mas de obediência à vontade de Deus (Tiago 1:22). Construir a vida sobre a rocha firme da Palavra de Deus (Mateus 7:24-25), desenvolvendo um relacionamento verdadeiro com Cristo.

Submersão

Contextualização Histórica e Cultural de Mateus 4–7

Autor e Data

O evangelho de Mateus é tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus, também chamado de Levi, um ex-cobrador de impostos que se tornou um dos doze discípulos de Jesus. Foi escrito entre os anos 50-70 d.C., antes ou logo após a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C..

Mateus escreveu para um público predominantemente judeu, enfatizando Jesus como o Messias prometido e o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Seu evangelho está repleto de referências à Lei, aos Profetas e à genealogia de Jesus, mostrando que Ele é o herdeiro legítimo do trono de Davi.

  • Curiosidade: Mateus usou muitas citações do Antigo Testamento (cerca de 60 referências diretas) para reforçar sua mensagem de que Jesus é o Messias esperado pelos judeus.

Contraste com Outras Cosmogonias Antigas

Mateus apresenta um contraste nítido entre o Reino de Deus e os reinos terrenos, que estavam sob forte influência do politeísmo greco-romano e do pensamento farisaico da época.

  1. O Reino de Deus vs. O Império Romano:
    • Enquanto Roma expandia seu domínio pelo poder militar e pela imposição de tributos, Jesus pregava um Reino de paz, justiça e amor (Mateus 5:3-12).
    • César era chamado de “Senhor” e “Salvador”, mas Mateus apresenta Jesus como o verdadeiro Rei e Salvador da humanidade (Mateus 1:21).
  2. Justiça Humana vs. Justiça Divina:
    • A sociedade judaica estava dominada por uma interpretação legalista da Lei, ensinada pelos fariseus e saduceus. Jesus, no entanto, ensina uma justiça que vem do coração e não apenas da obediência externa (Mateus 5:20).
  3. O Caminho da Violência vs. O Caminho da Paz:
    • Muitos judeus esperavam um Messias guerreiro que lideraria uma revolta contra Roma. Porém, Jesus ensinou a amar os inimigos e vencer o mal com o bem (Mateus 5:44).
  • Curiosidade: O Sermão do Monte (Mateus 5–7) é um manifesto revolucionário contra os valores da sociedade da época. Ao invés da vingança e do poder, Jesus ensina a humildade, a misericórdia e a confiança total em Deus.

Estrutura Social e Contexto Cultural

Mateus 4-7 foi escrito em um contexto de grande desigualdade social e opressão política.

  1. A Presença Romana:
    • A Judeia estava sob domínio do Império Romano, e os judeus pagavam impostos pesados a Roma.
    • Havia ressentimento contra os coletores de impostos (como o próprio Mateus), que eram vistos como traidores.
  2. Os Grupos Religiosos da Época:
    • Fariseus: Eram líderes religiosos rigorosos na observância da Lei, mas muitas vezes hipócritas (Mateus 6:1-5).
    • Saduceus: Sacerdotes influentes que rejeitavam a ressurreição dos mortos.
    • Zelotes: Um grupo radical que queria expulsar os romanos por meio da guerra.
    • Essênios: Um grupo isolado que se retirou para o deserto, esperando a vinda do Messias.
  3. A Vida Cotidiana:
    • A maioria das pessoas era camponesa, pescadora ou artesã e vivia sob condições econômicas difíceis.
    • A expectativa de um Messias libertador era muito forte, pois os judeus ansiavam pela restauração de Israel.
  • Curiosidade: O chamado dos primeiros discípulos (Mateus 4:18-22) mostra como Jesus não escolheu líderes religiosos ou poderosos, mas pescadores simples para transformar o mundo.

A Estrutura Literária de Mateus 4–7

O evangelho de Mateus é cuidadosamente estruturado em cinco grandes discursos de Jesus, refletindo os cinco livros de Moisés (Torá).

Mateus 4–7 contém o primeiro e mais longo discurso: o Sermão do Monte, que se divide em três partes principais:

  1. Mateus 4 – O Chamado e o Ministério Inicial: Jesus vence a tentação no deserto e começa a pregar o Reino de Deus.
  2. Mateus 5 – As Bem-Aventuranças e a Nova Justiça: Jesus redefine a verdadeira felicidade e a verdadeira obediência.
  3. Mateus 6–7 – A Vida Piedosa e a Sabedoria Prática: Jesus ensina sobre oração, confiança em Deus e a obediência como base firme.
  • Curiosidade: O Sermão do Monte é considerado um dos maiores ensinamentos éticos da história, influenciando até líderes como Gandhi e Martin Luther King Jr.

Outras Curiosidades Relevantes

  1. A Simbologia do Monte no Sermão do Monte:
    • Assim como Moisés recebeu a Lei no Monte Sinai, Jesus ensina a Nova Lei em um monte. Isso mostra que Ele é o novo e maior Moisés (Mateus 5:1).
  2. Os Três Testes no Deserto:
    • Jesus foi tentado pelo diabo em três áreas fundamentais:
      1. Desejo da carne (Mateus 4:3) – “Transforma estas pedras em pão.”
      2. Orgulho da vida (Mateus 4:6) – “Lança-te do templo e prova que és o Filho de Deus.”
      3. Desejo pelos reinos do mundo (Mateus 4:9) – “Adora-me e te darei tudo.”
    • Esses testes ecoam a tentação de Adão e Eva no Éden e a provação de Israel no deserto, mas Jesus resiste e vence!
  3. A Oração do Pai Nosso e a Estrutura Judaica:
    • A oração ensinada por Jesus (Mateus 6:9-13) segue o modelo das orações judaicas, mas com uma diferença radical: chama Deus de Pai, enfatizando um relacionamento íntimo e não apenas religioso.
  4. Porta Estreita e Caminho Largo (Mateus 7:13-14):
    • Nos tempos de Jesus, as cidades tinham portões largos, onde os ricos e poderosos passavam com suas carruagens, e portas estreitas, por onde passavam apenas pedestres.
    • Jesus usa essa imagem para dizer que seguir a Deus exige humildade e entrega.
  5. Construir na Rocha (Mateus 7:24-27):
    • Os ouvintes de Jesus entenderiam essa metáfora porque a região da Palestina tinha muitas casas construídas na areia, que desmoronavam nas chuvas.
    • Jesus ensina que a verdadeira fé precisa de fundamentos sólidos na obediência à Sua Palavra.

Exegese e Hermenêutica dos Versículos-Chave

1. “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4:4)

Este versículo é a resposta de Jesus à primeira tentação no deserto, onde Satanás o incita a transformar pedras em pão. A citação vem de Deuteronômio 8:3, onde Moisés recorda como Deus sustentou Israel no deserto com o maná, ensinando-os a depender não apenas do alimento físico, mas da palavra de Deus.

A palavra grega para “palavra” aqui é rhēma (ῥῆμα), que se refere a uma palavra falada ou um comando direto de Deus. Isso difere de logos (λόγος), que denota a palavra como um princípio eterno e abrangente (João 1:1). Jesus afirma que a verdadeira vida vem da dependência total da revelação divina, e não apenas da satisfação física.

A aplicação hermenêutica deste versículo reforça a necessidade de confiar em Deus em tempos de escassez e provação. Em João 6:35, Jesus declara: “Eu sou o pão da vida”, mostrando que Ele mesmo é o suprimento espiritual definitivo. Assim como Israel dependia do maná no deserto, os crentes devem depender da Palavra viva de Deus para sustento espiritual.

2. “Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mateus 4:7)

Jesus responde a Satanás com uma citação direta de Deuteronômio 6:16, onde Moisés adverte Israel a não testar Deus como fizeram em Massá, exigindo provas de Sua presença (Êxodo 17:2-7). Aqui, o verbo grego para “tentar” é ekpeirazō (ἐκπειράζω), que significa testar até o limite, com a intenção de forçar uma resposta divina.

A estrutura gramatical sugere um mandamento absoluto: não é papel do homem exigir provas de Deus. A Bíblia mostra que a verdadeira fé confia sem necessidade de sinais (João 20:29). Em contraste, os fariseus constantemente pediam sinais para validar a messianidade de Jesus (Mateus 12:38-39), demonstrando incredulidade.

A exegese do versículo também aponta para a obediência de Jesus em contraste com Israel. Enquanto os israelitas duvidaram da provisão divina, Jesus confia plenamente no Pai sem exigir provas. Essa lição se aplica diretamente ao cristão moderno: devemos confiar em Deus sem colocar condições ou ultimatos.

3. “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” (Mateus 4:17)

Este versículo marca o início da pregação pública de Jesus, ecoando a mensagem de João Batista (Mateus 3:2). A palavra grega para “arrependei-vos” é metanoeō (μετανοέω), que significa uma mudança completa de mente e direção, não apenas um remorso superficial.

O termo “Reino dos céus” é exclusivo do Evangelho de Mateus, enquanto os outros evangelhos usam “Reino de Deus”. Isso ocorre porque Mateus, escrevendo para judeus, evita o uso direto do nome de Deus por reverência. Esse Reino não é meramente político ou terreno, mas a soberania ativa de Deus sobre aqueles que se submetem a Ele.

Esse chamado ao arrependimento se liga à profecia de Isaías 40:3, que fala sobre preparar o caminho do Senhor. Em Atos 2:38, Pedro continua essa exortação no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados”.

O arrependimento é, portanto, o primeiro passo para entrar no Reino e experimentar sua plenitude.

4. “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4:19)

Este chamado de Jesus a Pedro e André ocorre no contexto de sua vida como pescadores no mar da Galileia. A expressão grega deute opisō mou (Δεῦτε ὀπίσω μου) traduzida como “vinde após mim” era uma fórmula rabínica de discipulado, indicando seguir um mestre e adotar seu ensino e estilo de vida.

A metáfora “pescadores de homens” sugere a missão de trazer pessoas ao Reino de Deus. A pesca, na cultura judaica, simbolizava julgamento e redenção (Jeremias 16:16; Ezequiel 29:4-5). O papel dos discípulos, então, seria “lançar a rede” do evangelho para salvar almas, como ilustrado em Lucas 5:10, quando Jesus reforça esse chamado.

Esse versículo destaca a iniciativa de Deus no chamado: Ele faz dos discípulos pescadores de homens. Isso se conecta a João 15:16, onde Jesus declara: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi”. O chamado ao discipulado não é baseado em habilidades humanas, mas na capacitação divina.

5. “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino.” (Mateus 4:23)

Este versículo resume o ministério inicial de Jesus, destacando três aspectos principais: ensino, pregação e cura. A palavra grega para “ensinar” (didaskō, διδάσκω) enfatiza instrução contínua, enquanto “pregar” (kēryssō, κηρύσσω) se refere ao anúncio público de uma mensagem.

A expressão “evangelho do Reino” (euangelion tēs basileias, εὐαγγέλιον τῆς βασιλείας) aponta para as boas novas da chegada do domínio de Deus sobre o mundo. Essa mensagem se conecta a Isaías 61:1, onde o Messias é descrito como aquele que prega boas-novas aos pobres.

O fato de Jesus percorrer toda a Galileia é significativo porque essa região era uma mistura de judeus e gentios, cumprindo a profecia de Isaías 9:1-2: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”. O evangelho não era apenas para os religiosos em Jerusalém, mas para todos, especialmente os marginalizados.

6. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” (Mateus 5:6)

Este versículo faz parte das Bem-Aventuranças, que introduzem o Sermão do Monte (Mateus 5:3-12). A palavra grega para “bem-aventurados” é makarios (μακάριος), que significa “felizes”, mas no sentido mais profundo de uma alegria advinda de Deus, e não de circunstâncias externas.

A fome e sede são metáforas que indicam um desejo intenso e contínuo. A palavra grega para “justiça” é dikaiosynē (δικαιοσύνη), que abrange não apenas a retidão moral, mas também a conformidade com a vontade de Deus (Romanos 3:21-22). Aqueles que buscam essa justiça não apenas querem ser retos, mas anseiam pela restauração da justiça divina no mundo (Salmo 42:1-2).

O cumprimento desta promessa ocorre em Cristo, pois Ele mesmo é a nossa justiça (1 Coríntios 1:30). Em João 6:35, Jesus declara: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”, mostrando que a justiça verdadeira e a satisfação plena só podem ser encontradas nEle.

7. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” (Mateus 5:14)

Jesus usa a metáfora da luz para descrever o papel do discípulo no mundo. A palavra grega para “luz” é phōs (φῶς), que denota não apenas iluminação física, mas conhecimento divino e revelação espiritual (João 8:12). O mundo, descrito na Bíblia como em trevas (João 1:5), precisa da luz de Cristo refletida através dos crentes.

A referência à cidade edificada sobre um monte pode aludir a Jerusalém, situada sobre o monte Sião, ou a cidades estrategicamente construídas em colinas para visibilidade. No contexto espiritual, isso indica que os discípulos devem ser visíveis e influentes na sociedade, sem esconder sua fé.

Essa metáfora tem um paralelo direto com Isaías 60:1: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti.” A missão dos crentes é refletir a luz de Cristo, conduzindo outros à verdade (Filipenses 2:15). Assim como uma cidade no alto é impossível de esconder, um cristão autêntico não pode viver no anonimato espiritual.

8. “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.” (Mateus 5:17)

Esta declaração de Jesus responde à possível acusação de que Ele estaria anulando a Lei mosaica. A palavra grega para “destruir” é kataluō (καταλύω), que significa demolir completamente ou abolir. Em contraste, “cumprir” vem de plēroō (πληρόω), que significa completar plenamente, trazer à realização.

Jesus não rejeita o Antigo Testamento, mas o leva à sua plenitude. A Lei e os Profetas apontavam para Ele (Lucas 24:27, Romanos 10:4). O sistema sacrificial, por exemplo, encontra seu cumprimento no sacrifício de Cristo (Hebreus 10:1-10).

Paulo confirma essa verdade em Romanos 3:31, declarando que a fé em Cristo não anula a Lei, mas a estabelece. A justiça exigida pela Lei é cumprida em nós quando andamos no Espírito (Romanos 8:4).

Assim, este versículo revela que Jesus não é um reformador religioso que descarta o passado, mas o Messias que o concretiza em Sua própria vida e obra.

9. “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” (Mateus 5:44)

Este mandamento de Jesus é radical e contraria a mentalidade predominante do judaísmo da época, que permitia o ódio aos inimigos, interpretando mal Levítico 19:18. A palavra grega para “amor” aqui é agapaō (ἀγαπάω), referindo-se a um amor sacrificial e incondicional, que busca o bem do outro, mesmo à custa própria.

A ideia de orar pelos inimigos reflete o coração de Deus, que deseja que todos se arrependam (Ezequiel 33:11, 1 Timóteo 2:1-4). Jesus exemplificou isso ao orar na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

Este ensinamento se alinha à promessa de Deus de transformar corações (Ezequiel 36:26) e ecoa Romanos 12:20-21: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber”. O amor pelos inimigos não é fraqueza, mas a força divina manifestada no crente, provando que ele pertence ao Reino de Deus.

10. “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:48)

Este versículo encerra a seção sobre a justiça superior do Reino de Deus. A palavra grega para “perfeito” é teleios (τέλειος), que significa completo, maduro, plenamente desenvolvido. Isso não implica impecabilidade absoluta, mas sim um caráter semelhante ao de Deus, refletindo Sua santidade e amor.

No contexto imediato, Jesus está ensinando sobre o amor perfeito, que inclui amar até os inimigos (Mateus 5:44). Esse chamado à perfeição não é uma exigência impossível, mas um objetivo a ser buscado com a ajuda do Espírito Santo (Filipenses 3:12-14).

O padrão divino para a santidade é estabelecido em Levítico 19:2: “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” Pedro reforça essa exortação em 1 Pedro 1:15-16, dizendo que os crentes devem ser santos em toda a sua maneira de viver.

No aspecto escatológico, essa perfeição se concretizará na glorificação dos santos (1 João 3:2), quando seremos plenamente conformados à imagem de Cristo (Romanos 8:29). Assim, este versículo não é um chamado à perfeição humana, mas à plena maturidade espiritual em Deus.

11. “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (Mateus 6:6)

Este versículo faz parte do ensino de Jesus sobre a oração, em contraste com os hipócritas que oravam publicamente para serem vistos pelos homens (Mateus 6:5).

A palavra grega para “quarto” é tameion (ταμεῖον), que significa um aposento interno, uma câmara secreta, um depósito. Na cultura judaica, muitas casas tinham um quarto interno sem janelas, um lugar de intimidade.

O ensino aqui não significa que a oração pública seja errada (pois Jesus orava publicamente, João 11:41-42), mas enfatiza que a verdadeira comunhão com Deus ocorre na sinceridade e na privacidade do coração. O termo “fechando a tua porta” indica exclusividade e foco – afastar distrações para estar plenamente presente diante de Deus.

Esse princípio está alinhado com Salmo 91:1: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” A oração não é uma performance, mas um relacionamento genuíno com o Pai, que vê e responde no secreto.

12. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9)

Jesus ensina o modelo de oração, conhecido como Pai Nosso. A expressão “Pai nosso” revela a intimidade e o relacionamento familiar com Deus, algo revolucionário para os judeus, que geralmente se referiam a Deus com títulos mais formais (Adonai, Elohim).

O termo grego para “Pai” é Patēr (πατήρ), que enfatiza a paternidade amorosa de Deus, ecoando Romanos 8:15: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.”

A frase “que estás nos céus” lembra a transcendência e soberania de Deus, enquanto “santificado seja o teu nome” aponta para a santidade divina (hagiazō, ἁγιάζω – “separado, consagrado”). O nome de Deus deve ser reverenciado e exaltado, conforme Êxodo 20:7.

A estrutura da oração modela prioridades: primeiro Deus e Sua glória, depois as nossas necessidades. O ensino de Jesus reforça que a oração não é um meio de manipulação, mas um caminho de submissão e adoração.

13. “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:21)

Jesus ensina sobre a relação entre riqueza e devoção. A palavra grega para “tesouro” é thēsauros (θησαυρός), que não se refere apenas a bens materiais, mas tudo o que tem valor supremo para alguém.

A Bíblia frequentemente alerta contra a confiança nas riquezas (Provérbios 11:28, 1 Timóteo 6:9-10). O problema não está na posse de bens, mas no apego a eles. A ideia aqui é que nossos desejos e prioridades revelam onde está nosso coração.

Essa verdade ecoa Colossenses 3:2: “Pensai nas coisas lá do alto, e não nas que são da terra.” A ênfase é que o coração segue aquilo que consideramos valioso. Se o nosso tesouro está em Deus e Seu Reino, nosso coração estará alinhado com a eternidade.

14. “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)

Este versículo é o clímax do ensino de Jesus sobre a ansiedade e a provisão divina (Mateus 6:25-34). O verbo grego para “buscar” (zēteō, ζητέω) implica um esforço contínuo e diligente. O Reino de Deus (basileia tou Theou, βασιλεία τοῦ Θεοῦ) refere-se ao governo de Deus sobre nossas vidas, onde Sua vontade é suprema.

A “justiça” (dikaiosynē, δικαιοσύνη) mencionada aqui não é apenas um comportamento ético, mas a justiça de Deus aplicada à vida do crente. Essa busca deve ser prioritária – antes de preocupações materiais, relacionamentos ou ambições pessoais.

A promessa “todas estas coisas vos serão acrescentadas” ecoa Salmo 37:25: “Nunca vi desamparado o justo, nem sua descendência a mendigar o pão.” Deus proverá tudo o que for necessário para aqueles que vivem para Sua glória.

15. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (Mateus 6:34)

Jesus encerra seu ensino sobre a ansiedade com um chamado à confiança diária. A palavra grega para “inquietar” é merimnaō (μεριμνάω), que significa estar excessivamente preocupado, dividido entre múltiplas preocupações. Essa mesma palavra é usada em Filipenses 4:6: “Não estejais ansiosos por coisa alguma.”

Jesus não ensina irresponsabilidade ou falta de planejamento, mas uma postura de descanso na provisão divina. O “dia de amanhã” simboliza o desconhecido, algo que só Deus controla (Provérbios 27:1).

Este versículo ressoa com Lamentações 3:22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos… renovam-se cada manhã.” A solução para a ansiedade não é ignorar os desafios da vida, mas confiar que Deus nos sustentará diariamente.

16. “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mateus 7:1)

Este versículo é frequentemente citado fora de contexto para argumentar contra qualquer tipo de julgamento.

No entanto, a palavra grega para “julgar” é krinō (κρίνω), que pode significar avaliar, discernir ou condenar. Jesus não está proibindo todo julgamento, pois em João 7:24, Ele ensina: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”

O contexto (Mateus 7:2-5) revela que Jesus condena o julgamento hipócrita e injusto – aquele que ignora as próprias falhas enquanto aponta as dos outros. Ele usa a metáfora da trave no olho (Mateus 7:3-5), indicando que o autoexame deve preceder qualquer correção ao próximo.

Isso se alinha com Romanos 2:1, onde Paulo adverte contra julgar os outros enquanto se pratica o mesmo pecado. A verdadeira justiça requer humildade, discernimento e graça, refletindo o caráter de Deus (Tiago 2:13).

17. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (Mateus 7:7)

Este versículo destaca a persistência na oração. Os verbos gregos aiteō (αἰτέω – “pedir”), zēteō (ζητέω – “buscar”) e krouō (κρούω – “bater”) estão no tempo presente contínuo, sugerindo ação contínua: “Continuem pedindo, continuem buscando, continuem batendo.”

Jesus ensina que Deus responde à oração persistente, como ilustrado na parábola do juiz iníquo (Lucas 18:1-8). O conceito de buscar e bater remete a Jeremias 29:13: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.”

Esse ensino enfatiza que a oração eficaz requer perseverança e fé (Tiago 1:6-7). Contudo, não significa que Deus concederá qualquer desejo humano, mas aquilo que está de acordo com Sua vontade e Reino (1 João 5:14).

18. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição.” (Mateus 7:13)

Jesus usa a metáfora da porta para contrastar dois caminhos: um fácil e popular, que leva à destruição, e outro difícil e impopular, que conduz à vida eterna. A palavra grega para “estreita” é stenos (στενός), que significa apertado, restrito, exigente.

A “porta larga” representa o caminho do pecado e da autossuficiência, enquanto a “porta estreita” simboliza Cristo e a submissão ao Reino de Deus (João 10:9). Esse ensino ecoa Deuteronômio 30:19, onde Deus coloca diante de Israel a escolha entre a vida e a morte.

Poucos encontram o caminho da vida porque ele exige arrependimento, fé e obediência (Lucas 13:24). A decisão de seguir Cristo envolve renúncia ao ego e dependência total de Deus (Mateus 16:24-25).

19. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus.” (Mateus 7:21)

Este versículo é um dos mais impactantes do Sermão do Monte. A repetição de “Senhor, Senhor” enfatiza intensidade e aparente devoção. No entanto, Jesus alerta que chamá-lo de Senhor não é suficiente – é necessário fazer a vontade do Pai.

A palavra grega para “Senhor” é Kyrios (Κύριος), título que indica autoridade e soberania. Muitos professam Jesus com os lábios, mas não demonstram verdadeira obediência (Lucas 6:46). Isso reflete a advertência de Isaías 29:13: “Este povo se aproxima de mim com sua boca, mas seu coração está longe de mim.”

O contexto (Mateus 7:22-23) revela que até aqueles que fazem milagres podem ser rejeitados, pois não têm um relacionamento genuíno com Cristo. A chave para entrar no Reino não é a religiosidade, mas a obediência à vontade de Deus (1 João 2:17).

20. “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (Mateus 7:24)

Jesus conclui o Sermão do Monte com a parábola dos dois fundamentos. O verbo grego para “ouve” é akouō (ἀκούω), indicando escuta atenta, enquanto “pratica” (poieō, ποιέω) implica ação contínua e deliberada.

A “casa” representa a vida de cada pessoa. Construí-la sobre a “rocha” (petra, πέτρα) simboliza fundamentar-se na verdade e obediência a Cristo. Isso contrasta com a “areia” (ammos, ἄμμος), que representa uma vida sem compromisso com a Palavra de Deus.

Essa imagem ecoa Salmo 18:2: “O Senhor é a minha rocha e o meu refúgio.” Paulo reforça essa verdade em 1 Coríntios 3:11, declarando que Cristo é o único fundamento seguro. Quando as “chuvas e ventos” da vida chegam, apenas aqueles alicerçados nEle permanecerão firmes.

Termos-Chave

Mateus 4–7 contém palavras e expressões ricas em significado, algumas das quais podem ser desafiadoras para o leitor moderno.

Abaixo estão explicações de termos-chave que ajudam a entender o texto em maior profundidade.

Hipócrita (ὑποκριτής – hypokritēs)

  • Significado: Aquele que finge ser algo que não é; um ator.
  • Explicação: No contexto bíblico, Jesus usa essa palavra para descrever os fariseus e escribas que praticavam uma religiosidade exterior, mas sem sinceridade no coração (Mateus 6:2, 6:5, 6:16). O termo grego hypokritēs era originalmente usado no teatro grego para designar atores que usavam máscaras para representar diferentes personagens. A hipocrisia denunciada por Jesus não se refere a simples erros humanos, mas a uma vida de falsidade, onde as pessoas buscam o reconhecimento dos outros em vez da aprovação de Deus (Mateus 23:27-28). Em Lucas 12:1, Jesus alerta: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.”

Misericórdia (ἔλεος – eleos)

  • Significado: Compaixão ativa por aqueles que sofrem.
  • Explicação: Em Mateus 5:7, Jesus declara: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” A palavra grega eleos significa bondade demonstrada em ação, indo além do sentimento de piedade. No Antigo Testamento, a palavra hebraica equivalente é chesed (חֶסֶד), que se refere ao amor fiel e à graça imerecida de Deus (Salmo 136). A misericórdia é um atributo central de Deus (Êxodo 34:6) e deve ser refletida em Seus seguidores (Miquéias 6:8, Lucas 6:36).

Geena (γέεννα – Geenna)

  • Significado: Lugar de punição final, inferno.
  • Explicação: Em Mateus 5:22, Jesus menciona a “Geena do fogo” como destino daqueles que vivem em pecado sem arrependimento. A palavra Geenna deriva do hebraico Gehinnom (גֵּיא בֶן־הִנֹּם), que se referia ao Vale de Hinom, um local fora de Jerusalém onde o lixo era queimado continuamente. No período do Antigo Testamento, esse vale foi associado a sacrifícios humanos a Moloque (2 Crônicas 28:3, Jeremias 7:31). Com o tempo, tornou-se um símbolo da condenação eterna (Marcos 9:43-48, Apocalipse 20:14-15).

Mamom (μαμμωνᾶς – mamōnas)

  • Significado: Riqueza ou dinheiro personificado como um ídolo.
  • Explicação: Em Mateus 6:24, Jesus ensina: “Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e a Mamom.” O termo mamōnas vem do aramaico māmōn, que significa riqueza ou bens materiais. No contexto judaico, Mamom não era apenas dinheiro, mas um símbolo da confiança nas riquezas em oposição à confiança em Deus (Lucas 16:13). Paulo reforça essa advertência em 1 Timóteo 6:10: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.”

Olho Bom / Olho Mau (ὀφθαλμός ἁπλοῦς – ophthalmos haplous / ὀφθαλμός πονηρός – ophthalmos ponēros)

  • Significado: Visão generosa e visão egoísta.
  • Explicação: Em Mateus 6:22-23, Jesus declara que “se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.” A expressão “olho bom” (ophthalmos haplous) era uma figura de linguagem hebraica para generosidade, enquanto “olho mau” (ophthalmos ponēros) significava avareza e egoísmo (Provérbios 22:9). Esse ensino reforça a ideia de que a maneira como lidamos com os bens materiais reflete nossa saúde espiritual. Se nosso coração é generoso, vivemos na luz; se somos egoístas, permanecemos na escuridão.

Cães e Porcos (κύων – kyōn / χοίρος – choiros)

  • Significado: Pessoas que desprezam a verdade e a santidade.
  • Explicação: Em Mateus 7:6, Jesus adverte: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas.” Na cultura judaica, cães e porcos eram animais impuros (Levítico 11:7, Filipenses 3:2). Os “cães” e “porcos” representam pessoas que desprezam a Palavra de Deus e podem reagir com hostilidade (Provérbios 9:7-8). Isso não significa que os cristãos devem negar o evangelho a certos grupos, mas que devem discernir quando uma mensagem não será recebida (Atos 13:44-51).

Falso Profeta (ψευδοπροφήτης – pseudoprophētēs)

  • Significado: Alguém que distorce a verdade e engana as pessoas.
  • Explicação: Em Mateus 7:15, Jesus alerta: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.” O termo grego pseudoprophētēs significa alguém que finge falar em nome de Deus, mas ensina falsidades. No Antigo Testamento, os falsos profetas eram condenados por falar sem a direção de Deus (Jeremias 23:16). No Novo Testamento, Pedro adverte que eles explorarão o povo com palavras falsas (2 Pedro 2:1-3). O teste para identificar um falso profeta é seus frutos – ou seja, seu caráter e ensinamentos (Mateus 7:16-20, 1 João 4:1-3).

Casa sobre a Rocha (πέτρα – petra)

  • Significado: Um alicerce firme e inabalável.
  • Explicação: Em Mateus 7:24-27, Jesus compara aquele que ouve e pratica Suas palavras a um homem que constrói sobre a petra (rocha). O contraste é feito com a areia (ammos), que representa um alicerce instável. A “rocha” simboliza Cristo e Sua Palavra (1 Coríntios 3:11). No Antigo Testamento, Deus é frequentemente chamado de “Rocha” (Salmo 18:2, Deuteronômio 32:4). Edificar sobre a rocha significa viver pela verdade de Cristo, enquanto construir sobre a areia significa confiar na própria sabedoria.

Profundidade

Doutrinas-Chave em Mateus 4–7

Os capítulos de Mateus 4 a 7 apresentam ensinamentos fundamentais para a teologia cristã, abordando a identidade de Cristo, o Reino de Deus, a natureza da justiça, a ética do Reino e o discipulado verdadeiro.

Esses textos não são apenas narrativas históricas e éticas, mas também revelam doutrinas essenciais que moldam a fé cristã, fornecendo base para a teologia da salvação, da santificação e da vida no Reino de Deus.

Doutrina da Tentação e da Obediência Perfeita de Cristo

  • Base Bíblica: Mateus 4:1-11 – “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
  • Perspectiva Teológica: A tentação de Cristo demonstra Sua humanidade verdadeira e Sua obediência perfeita. Diferente de Adão, que cedeu à tentação no Éden (Gênesis 3), Jesus resiste ao diabo, vencendo onde o primeiro homem falhou. A palavra grega para “tentado” (peirazō, πειράζω) significa tanto testar quanto tentar. Isso indica que, enquanto o diabo tentou Jesus para o mal, Deus usou esse momento para demonstrar Sua retidão. Essa doutrina é fundamental para a Cristologia, pois Cristo precisava ser um Salvador sem pecado (Hebreus 4:15). Além disso, Sua vitória sobre a tentação prova Sua qualificação como o segundo Adão, cumprindo Romanos 5:19: “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.”

Doutrina do Reino de Deus

  • Base Bíblica: Mateus 4:17 – “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.”
  • Perspectiva Teológica: O Reino de Deus (Basileia tou Theou, βασιλεία τοῦ Θεοῦ) é um dos conceitos centrais no ensino de Jesus. Ele não se refere a um reino geopolítico, mas ao governo divino sobre aqueles que se submetem a Cristo. O Reino é apresentado como já presente, mas ainda não consumado (“já e ainda não”). Em Mateus 12:28, Jesus afirma que o Reino já havia chegado através de Seu ministério, mas em Mateus 25:31-34, Ele ensina sobre a futura consumação do Reino na glória. Essa doutrina tem implicações escatológicas e éticas:
    • Escatológicas: O Reino já está em ação, mas será plenamente estabelecido na segunda vinda de Cristo.
    • Éticas: Os cidadãos do Reino são chamados a viver segundo os valores do Sermão do Monte (Mateus 5–7).

Doutrina da Justiça Superior

  • Base Bíblica: Mateus 5:20 – “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”
  • Perspectiva Teológica: Jesus estabelece uma justiça que não é apenas externa, mas interna e transformadora. A palavra grega para “justiça” (dikaiosynē, δικαιοσύνη) significa retidão moral e conformidade com a vontade de Deus. Os fariseus seguiam a Lei de forma legalista, mas Jesus ensina que a verdadeira justiça vem de um coração regenerado. Isso está alinhado com Jeremias 31:33, que profetiza a nova aliança, onde a Lei seria escrita no coração. Em Romanos 3:21-22, Paulo explica que essa justiça superior vem pela fé em Cristo, e não pela obediência externa à Lei mosaica. Assim, Mateus 5:20 não ensina salvação pelas obras, mas a necessidade de uma justiça imputada por Cristo e manifesta na vida transformada pelo Espírito Santo.

Doutrina da Paternidade de Deus

  • Base Bíblica: Mateus 6:9 – “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.”
  • Perspectiva Teológica: No ensino do Pai Nosso, Jesus revela a intimidade do relacionamento com Deus. A palavra grega para “Pai” (Patēr, πατήρ) enfatiza a proximidade e o amor paternal de Deus, algo inovador para a mentalidade judaica da época, que via Deus mais como Criador e Juiz. Essa doutrina é reforçada em Romanos 8:15, onde Paulo escreve: “Recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” A adoção divina significa que os crentes não são apenas servos de Deus, mas filhos amados e herdeiros com Cristo (Gálatas 4:6-7). Essa perspectiva altera a forma como os cristãos se relacionam com Deus: não com medo servil, mas com confiança filial (Hebreus 4:16).

Doutrina da Providência de Deus

  • Base Bíblica: Mateus 6:33 – “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
  • Perspectiva Teológica: Este versículo ensina a dependência de Deus em todas as áreas da vida. A palavra grega para “buscar” (zēteō, ζητέω) implica um esforço contínuo e prioritário. A doutrina da providência ensina que Deus sustenta e governa todas as coisas, cuidando dos Seus filhos (Filipenses 4:19). Jesus argumenta que, assim como Deus provê para as aves e os lírios (Mateus 6:25-30), Ele cuidará daqueles que O buscam primeiro. Isso está alinhado com Provérbios 3:5-6, que ensina a confiar no Senhor e não depender do próprio entendimento. A providência divina não é uma promessa de riqueza, mas de cuidado fiel segundo a vontade de Deus.

Doutrina da Autoridade de Cristo

  • Base Bíblica: Mateus 7:28-29 – “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.”
  • Perspectiva Teológica: Diferente dos rabinos, que citavam tradições, Jesus ensinava com autoridade direta. A palavra grega para “autoridade” (exousia, ἐξουσία) denota poder legítimo e soberano. Esse ensino aponta para a divindade de Cristo, pois Ele não apenas interpretava a Lei – Ele a cumpria e a reinterpretava com autoridade divina (Mateus 5:21-22). Em Mateus 28:18, Ele declara: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”, confirmando Sua soberania. Essa doutrina estabelece que a Palavra de Cristo tem autoridade final sobre a vida e a fé dos crentes, como reafirmado em Colossenses 1:16-17, onde Ele é descrito como aquele que sustenta todas as coisas.

Bênçãos e Promessas em Mateus 4–7

Mateus 4–7 contém preciosas bênçãos e promessas de Deus para aqueles que seguem a Cristo e vivem segundo os princípios do Reino.

Essas promessas não são meros incentivos, mas expressões do caráter de Deus e de Seu desejo de abençoar aqueles que vivem em obediência e fé. Muitas delas seguem um padrão condicional: “Se… então…”, revelando que a participação na bênção divina está ligada à resposta humana.

A Bênção da Consolação e Justiça (Mateus 5:3-10 – As Bem-Aventuranças)

  • Texto: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados… Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”
  • Bênção: Consolação divina, satisfação espiritual, misericórdia, visão de Deus e filiação celestial.
  • Condição: As bem-aventuranças descrevem o caráter do verdadeiro discípulo e a promessa de recompensa divina. Se formos humildes, misericordiosos, pacificadores e famintos pela justiça, então seremos abençoados por Deus. Essas promessas encontram eco em Salmo 34:18: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado.” A verdadeira felicidade vem da vida em conformidade com o caráter de Deus, não das circunstâncias externas.

A Promessa de Recompensa Celestial (Mateus 5:11-12)

  • Texto: “Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem… exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus.”
  • Bênção: Recompensa celestial e participação no Reino de Deus.
  • Condição: A promessa de recompensa está ligada à perseverança na fé mesmo em meio à perseguição. Se formos fiéis diante da oposição, então Deus nos recompensará eternamente. Essa promessa reflete 2 Timóteo 2:12: “Se sofrermos, também com Ele reinaremos.” A perseguição não é um sinal de derrota, mas de fidelidade ao chamado de Cristo.

A Bênção da Proteção e Provisão Divina (Mateus 6:25-33)

  • Texto: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
  • Bênção: Sustento e provisão divina em todas as necessidades.
  • Condição: A promessa é condicional: Se buscarmos primeiro o Reino e a justiça de Deus, então Ele suprirá todas as nossas necessidades. Esse princípio se alinha com Filipenses 4:19: “O meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as Suas riquezas em glória.” O chamado é para priorizar o Reino sobre preocupações terrenas, confiando que Deus cuida dos Seus filhos.

A Promessa de Respostas à Oração (Mateus 7:7-8)

  • Texto: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”
  • Bênção: Acesso à presença de Deus e respostas às orações.
  • Condição: A promessa está vinculada à persistência na oração. Se pedirmos, buscarmos e batermos continuamente, então Deus responderá no tempo certo. Essa promessa reflete Jeremias 33:3: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” O chamado à oração é uma expressão de dependência e fé.

A Bênção do Caminho que Conduz à Vida (Mateus 7:13-14)

  • Texto: “Entrai pela porta estreita… porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”
  • Bênção: Vida eterna no Reino de Deus.
  • Condição: A entrada na vida eterna exige uma escolha deliberada e comprometida. Se escolhermos o caminho estreito, então encontraremos a verdadeira vida. Essa verdade se alinha com João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” O caminho de Cristo é exigente, mas leva à vida abundante e eterna.

A Promessa de Segurança Espiritual (Mateus 7:24-25)

  • Texto: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”
  • Bênção: Estabilidade e segurança espiritual diante das adversidades.
  • Condição: Se ouvirmos e obedecermos à Palavra de Deus, então nossa vida será inabalável diante das tempestades. Essa promessa ecoa Salmo 125:1: “Os que confiam no Senhor serão como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” A obediência à Palavra de Deus é o único alicerce seguro para a vida cristã.

Desafios Atuais para os Mandamentos de Mateus 4–7

Mateus 4–7 contém mandamentos fundamentais de Jesus, que definem os valores e princípios do Reino de Deus.

No entanto, viver de acordo com esses mandamentos em um mundo moderno apresenta grandes desafios, pois muitas das atitudes e filosofias contemporâneas são contrárias aos ensinamentos de Cristo.

Aqui exploramos os principais mandamentos encontrados nesses capítulos, os desafios para sua aplicação nos dias de hoje e como podemos enfrentá-los com uma perspectiva teológica.

Mandamento: Resista à Tentação com a Palavra de Deus (Mateus 4:4,7,10)

  • Texto: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.”
  • Desafios Atuais:
    • Relativismo Moral: A cultura pós-moderna ensina que não há verdade absoluta, tornando mais difícil a aplicação da Palavra de Deus como padrão de vida.
    • Imediatismo e Materialismo: O desejo por soluções rápidas e gratificação imediata (dinheiro, status, prazer) muitas vezes leva os cristãos a comprometerem sua fé para obter vantagens materiais.
    • Influência da Mídia: A quantidade de informações e entretenimento disponíveis pode desviar a atenção da leitura e meditação na Escritura.
  • Respostas Teológicas:
    • A Bíblia ensina que a Palavra de Deus é o padrão supremo de verdade (João 17:17). O cristão deve renovar sua mente (Romanos 12:2) e praticar o uso da Palavra como Jesus fez no deserto.
    • A dependência de Deus deve superar a confiança em recursos materiais, pois Ele é o provedor supremo (Filipenses 4:19).

Mandamento: Viva uma Justiça Maior do que a dos Fariseus (Mateus 5:20)

  • Texto: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”
  • Desafios Atuais:
    • Legalismo e Superficialidade Religiosa: Muitos ainda tentam agradar a Deus através de rituais externos, sem transformação interior.
    • Secularização: Em um mundo onde a religião é vista como irrelevante, muitos cristãos têm dificuldade em viver uma justiça distinta e autêntica.
    • Hipocrisia e Moralidade Flexível: A sociedade frequentemente rotula os cristãos como hipócritas, e isso pode levar alguns a comprometerem seus valores para evitar julgamentos.
  • Respostas Teológicas:
    • A justiça exigida por Cristo não é apenas uma conformidade externa à Lei, mas uma transformação do coração (Jeremias 31:33).
    • A verdadeira justiça vem pela fé em Cristo e pela ação do Espírito Santo (Romanos 3:21-22).

Mandamento: Ame os Seus Inimigos e Ore por Eles (Mateus 5:44)

  • Texto: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
  • Desafios Atuais:
    • Polarização e Cultura do Cancelamento: A sociedade moderna incentiva divisões ideológicas e culturais, tornando difícil praticar o amor e a reconciliação.
    • Justiça Própria: Muitas vezes, os cristãos são tentados a devolver ofensa por ofensa, especialmente nas redes sociais.
    • Dor e Traumas Pessoais: O perdão pode ser um grande desafio para aqueles que sofreram injustiças graves.
  • Respostas Teológicas:
    • O amor aos inimigos não é um sentimento, mas uma decisão baseada na obediência a Deus (Lucas 6:27-28).
    • Cristo demonstrou esse amor ao perdoar seus perseguidores na cruz (Lucas 23:34), e Ele nos capacita a fazer o mesmo através do Espírito Santo (Romanos 5:5).

Mandamento: Busque o Reino de Deus Antes de Tudo (Mateus 6:33)

  • Texto: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
  • Desafios Atuais:
    • Ansiedade e Insegurança: A preocupação com finanças, carreira e status pode afastar os cristãos da busca pelo Reino.
    • Materialismo e Idolatria do Sucesso: A pressão para alcançar sucesso financeiro e profissional muitas vezes supera o desejo de buscar a vontade de Deus.
    • Desigualdade e Sofrimento Social: A luta por sobrevivência em meio à pobreza e dificuldades pode levar algumas pessoas a perderem a fé.
  • Respostas Teológicas:
    • Jesus ensina que Deus é um Pai que cuida de Seus filhos (Mateus 6:25-32). O cristão deve confiar nEle como provedor.
    • Paulo reforça essa ideia em Filipenses 4:6-7, onde ensina que a oração e a gratidão são armas contra a ansiedade.

Mandamento: Não Julgue Hipocritamente (Mateus 7:1-5)

  • Texto: “Não julgueis, para que não sejais julgados.”
  • Desafios Atuais:
    • Extremos de Julgamento e Tolerância Absoluta: Algumas pessoas são excessivamente críticas, enquanto outras evitam corrigir erros por medo de serem acusadas de intolerância.
    • Redes Sociais e Cancelamento: O julgamento virtual muitas vezes é impiedoso e desprovido de graça.
    • Orgulho Espiritual: Muitos cristãos lutam para enxergar seus próprios pecados antes de corrigirem os outros.
  • Respostas Teológicas:
    • Jesus não proíbe todo julgamento, mas o julgamento hipócrita. Ele ensina a examinar a si mesmo antes de corrigir o próximo (Mateus 7:3-5).
    • A correção deve ser feita em amor e humildade (Gálatas 6:1).

Mandamento: Construa Sua Vida Sobre a Rocha (Mateus 7:24-27)

  • Texto: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.”
  • Desafios Atuais:
    • Fé Superficial: Muitos professam fé em Cristo, mas não praticam seus ensinamentos no dia a dia.
    • Influência Secular: A cultura moderna promove valores contrários à Palavra de Deus, e muitos cristãos são tentados a comprometer sua fé.
    • Crises e Tribulações: As dificuldades da vida testam a verdadeira fundação da fé de cada pessoa.
  • Respostas Teológicas:
    • A verdadeira fé não é apenas ouvir, mas obedecer a Cristo (Tiago 1:22).
    • Jesus é a Rocha inabalável, e somente uma vida fundamentada nEle permanecerá firme (1 Coríntios 3:11).

Desafio, Conclusão e Até Amanhã

Concluímos nossa reflexão de hoje reconhecendo que Mateus 1, 2 e 3 não são apenas registros biográficos do início da vida de Jesus, mas fundamentos do evangelho e chaves para entendermos o cumprimento das promessas de Deus.

Esses capítulos revelam a soberania divina na história, a missão redentora de Cristo e o chamado ao arrependimento e santidade. Vemos Deus protegendo Seu Filho, usando até mesmo perseguições para cumprir Sua vontade, e João Batista preparando o caminho para o Messias.

Diante dessas verdades, o nosso desafio é viver como cidadãos do Reino dos Céus, preparando o nosso coração para Cristo e refletindo Sua glória em um mundo que resiste à verdade.

Abaixo, algumas perguntas finais para motivar sua prática diária:

1. Estou pronto para me submeter à vontade de Deus?

• Assim como José obedeceu sem hesitar (Mateus 1:24), reflita se há algo que Deus está pedindo e você tem resistido.

• Quais mudanças você precisa fazer para viver pela fé e não pelo medo?

2. Tenho reconhecido Jesus como meu Rei?

• Os magos vieram de longe para adorar a Cristo (Mateus 2:2), enquanto os líderes religiosos ignoraram Seu nascimento.

• Como sua vida demonstra que Cristo é sua prioridade suprema?

3. Meu arrependimento tem sido genuíno?

• João Batista chamou o povo a produzir frutos dignos de arrependimento (Mateus 3:8).

• Em quais áreas você precisa buscar transformação real, e não apenas remorso superficial?

4. Como posso preparar o caminho para Jesus na minha vida e na dos outros?

• João Batista preparou o caminho para Cristo (Mateus 3:3).

• Como você pode influenciar sua família, amigos e colegas para que conheçam e experimentem o Reino de Deus?

5. Tenho certeza da minha identidade como filho(a) de Deus?

• No batismo de Jesus, Deus declarou: “Este é o meu Filho amado” (Mateus 3:17).

• Você vive com a segurança de que é amado por Deus, ou tem buscado aprovação em outras fontes?

Que o Espírito Santo o(a) guie nesta caminhada, aprofundando seu entendimento da Palavra, fortalecendo sua fé e moldando sua vida conforme o chamado divino.

Amanhã seguimos para os próximos capítulos, avançando no Evangelho de Mateus e descobrindo ainda mais sobre o ensino e a missão de Cristo.

Precisa de ajuda? Não esqueça de perguntar no Whatsapp.

Fique na paz.

Fábio Picco

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